A crise do espelho e a fome de si mesmo
Por Gilvaldo Quinzeiro
A pandemia do covid-19, que até a data de hoje, 15 de abril,
já contaminou 1.981.239 e provocou a morte de 126. 681 pessoas em todo o mundo;
no Brasil 25.262 contaminados e 1.532 mortos, não poderia ter nos pego em
situação pior: sentados na própria merda! Isto é, o coronavírus, que poderia
ser também outra coisa, nos pegou atolados em nossa vaidade, prepotência,
orgulho e hipocrisia – exatamente tudo que nos cega e nos ensurdece!
Em outras palavras, esta crise por ser civilizatória, é
também uma crise do ‘espelho’, isto é, da ordem do imagético e das
identificações, logo, é aquilo que estilhaça todas as faces. Esta é uma crise
em que os egos antes ‘inflados’, hão de se conter com as duras verdades!
Portanto, este é um dos aspectos mais difíceis a ser
enfrentado: a travessia do espelho! Quem nos espera do outro lado? É aqui que
veremos o quanto somos prisioneiros do ilusório. É aqui onde tropeçaremos na
própria língua, como diriam acertadamente os mais antigos!
A crise do espelho é a crise da alma que não se sente mais
representada na face, e muito menos no espelho, que lhe assombra!
Esta crise foi
antecedida pela crise da palavra. A palavra que não mais definia as imagens. As
imagens, que tornaram o mundo um amontoado de faces sem identificações.
Ora, para uma civilização alicerçada no imagético, veja ai
os monumentos da Antiga Roma ainda de pé e a ostentarem seus construtores, como
a nossa civilização ocidental, se ver diante de um ‘espelho quebrado’!
Eis a pior das fomes à caminho – a fome de si mesmo!
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