O ataque a ciência e a racionalidade



Por Gilvaldo Quinzeiro

  
Parece que a roda do tempo retrocedeu ou alguma das suas peças enguiçaram.  O fato é que os tempos mudaram abruptamente, disso ninguém tem dúvida.  Embora duvidar em tempo de obscurantismo e da chibata da fé é quase uma assinatura de atestado de óbito! Pois é o que estamos assistindo no início da segunda década do   século XXI, e no Brasil!

Em plena crise da pandemia Covid-19, um grupo de cientistas de diversas instituições cientificas do Brasil, que pesquisam o uso da cloroquina no tratamento do Covid-19, passaram a receber ameaça nas redes sociais, incluindo a exposição de seus dados, depois que 11 pacientes que receberam o citado medicamento morreram. O caso, que é um desdobramento do acirramento da luta ideológica no Brasil, uma vez que os ameaçadores culpam os cientistas de serem petistas, é gravíssimo e altera a normalidade para a prática e o exercício da ciência! Algo inaceitável!

Portanto, o combate a crise da pandemia do Covid-19, que já contaminou mais de 2 milhões e já matou mais de 150 mil pessoas em todo o mundo, não poderia sofrer um ataque pior. A situação nos faz lembrar um dos mais perturbadores períodos da história em que cientistas foram presos e mortos pelo tribunal da inquisição.

O fato não só confirma que vivemos tempos sombrios, como estamos assistindo uma guerra   à racionalidade – ferramenta indispensável para o enfrentamento de quaisquer crises.    

Conclui-se, pois, que paradoxalmente às conquistas científicas deste século há quem esteja apressando a construção de fogueiras para, em nome de “Deus, do bem e da moral”, queimarem os seus desafetos.

Eis o amanhã que nos espera?






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