O nome das coisas e a ‘mão’ que nos ampara em tempo de crise. Qual o tamanho da sua?



Por Gilvaldo Quinzeiro


À medida que o número de pessoas infectadas pelo covid-19 aumenta pelo mundo, 873 mil, e 43 mil mortos, até agora, torna visível a ‘mão’ em que nos apegamos – seja esta do que tamanho for, ainda assim, é pequena demais – isso explica o nosso desespero!

Ora, de um certo modo, a ‘mão’ em que nós nos apegamos em momentos de crises, como o de agora, é o resultado das nossas construções antropomórficas, logo, em que pese o nosso aperto sobre ela, é frágil, tanto quanto a nossa. Porém, é melhor ter uma ‘mão’ assim, do que não se apoiar em nada!

É aqui que entra a importância de se dá ou não o nome às coisas, aos nossos sentimentos, aos nossos medos, as nossas dores, as nossas crenças. Mas, é aqui também que reside um perigoso problema: pode ‘Deus’ ser resumido a um nome? A uma Palavra? Não será exatamente este o nosso maior problema?

Bem, esta crise, a da pandemia, do covid-19, é um momento oportuno para também se refletir sobre isso! Quisera eu ter as respostas, mas como não, questionar já me prova o quanto me rastejei da ‘porta da cozinha à da rua’: estou vivo!

“Mortos em casas e cadáveres nas ruas: o colapso funerário causado pelo coronavírus no Equador”. Este é um título de uma reportagem pulicada no site da BBC, no dia 1º de abril, e assinado por Matías Zibell. Veja o emprego das palavras, “mortos” em casas, “cadáveres”, na rua.

Veja o amarradios, o ‘nó civilizatório’ àquilo que estamos presos no emprego das palavras acima.  Velar os entes queridos em casa, estaria na conformidade do que é normal, aceitável, digamos assim, daí o termo ‘morto’, já quando a coisa começa a sair do controle, isto é, quando o caos e a barbárie nos fareja, dizemos “cadáveres”.

Que coisa, não? Pois é. Mas a boa notícia é: em qualquer que seja a situação, enfim, estaremos diante de nós mesmos!

Haja palavras ou coisas para isso?


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