AI-5 ou ai dentro: uma análise sobre o complexo de castração e outras coisas do Brasil atual
Por Gilvaldo Quinzeiro
Uma breve leitura do nosso tempo e do nosso cotidiano à brasileira
com um viés psicanalítico (por que não?), especificamente focando no
comportamento daqueles que apaixonadamente defende o uso das armas ou
intervenção militar como solução para tudo. Para tudo o quê? O que é o tudo?
Por trás daqueles
grupos de manifestantes, como os que foram ontem, domingo, 19, ao
Quartel-General do Exército pedir entre outras coisas, a volta AI-5, a
intervenção militar, etc., os mesmos que se “excitam” ao tocar uma arma (dorme
com arma, sonhar com arma, flerta com uniformes...), há sim, um certo complexo
de castração, isto é, uma angústia, um receio de que “aquilo” ou é muito
pequeno, desajeitado ou este estranhamente não existe ou perde a sua função
quando comparado com a de outrem. Por isso, um dos seus sintomas, a perversão,
o sádico-masoquismo, o gosto pelo estraçalhar do outro – o Outro que lhe é uma
assombra perturbadora – uma ameaça constante ao seu gozo!
Sim, isso gera um sentimento de culpa arrasador! Sentimento
este que precisa ter uma justificativa: um culpado! Este é pobre Outro, o
estranho, o diferente! Sim, isso gera um baita de um sentimento de culpa! Sentimento
este que lhe exige a figura do “Pai”, do salvador, que é também perverso, e que,
para lhe promover um certo alívio à culpa, exige sacrifício de sangue e
carne – um banquete contrário ao dionisíaco e ao que nos devolveria o corpo
como lugar sagrado não da tortura, mas do gozo!
Eis porque
paradoxalmente as igrejas estão cheias de gente doente? É do interior destas onde estão saindo os
bicho? Estas questões precisam ser urgentemente respondidas. Estas questões por
mais assustadoras precisam ser refletidas. Elas, estas questões, nos colocam
diante da nossa “esfinge contemporânea”!
Caso contrário, estamos marchando em passos largos para uma
espécie de coliseu romano, onde a diversão será diversa de quem está no centro
da cena: aquele que será devorado diante dos olhares famintos de uma plateia
sedenta por sangue!
Há rumores de que os mais extremados deste grupo, não só
estão se armando, como têm a intenção de fazer um ataque ameaçando as pessoas
que, por exemplo, são adeptas ao confinamento social. Isso seria o caos e a barbárie.
Um ambiente perfeito para eliminar o Outro e apaziguar seus fantasmas.
Há, portanto, uma ‘aranha’
peçonhenta e reprimida disfarçando-se de verde e amarelo no Brasil, louca a
tecer suas antigas teias. Antigas teias que terá como consequência:
encurtar o fôlego do pensar, do fazer,
do cantar e do sorrir!
Parabéns grande Filósofo!! pela visão e argumentos de uma realidade tão presente entre nós.
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