A carta dos Estados Unidos ao Brasil: o anúncio de uma nova guerra do ópio?

Por Gilvaldo Quinzeiro

 

Decifrar o desenho do mundo ou suas primeiras impressões no tabuleiro geopolítico dos últimos dias, em especial após o início da gestão de Donald Trump e a implementação das suas primeiras medidas, deixaria Édipo de queixo caído diante da esfinge, e o enigma proposto pela esfinge, persiste sem resposta para o desassossego de todos.

Afinal o mundo encolheu ou cara do seu atual mandatário, Donald Trump é a nova esfinge?

Seja lá o que for, o mundo está virado de cabeça pra baixo. Aliás, se até os pólos magnéticos da terra estão passando por mudanças, como não o mapa do mundo ou a cabeça dos homens?

Há quem esteja dizendo que o mundo está caminhando para o que está sendo chamado de tecnofeudalismo.  Eu não discordo, acho interessante tal categorização. Porém,   na minha visão, não sei se mais otimista,  é o que o mundo atual voltou ao século XIX. O mesmo século em que um só país reinava – a Inglaterra! Ora, se estivermos certos, espero que não, algo como o que levou a “guerra do ópio” (1839-1842 e 1856-1860), está a caminho!

Prestemos muita atenção! Os Estados Unidos arrastaram a Europa para a guerra da Ucrânia ´(e  é claro, a própria Ucrânia!), com a promessa de conter a expansão russa no que os europeus concordaram. Contudo, e agora, para pôr fim ao conflito sangrento que neste mês completou três anos, os Estados Unidos exigem as terras raras ucranianas! Coisa de bons amigos, entendem? Isso sem falar que tal medida deixa a Europa apenas como uma mão na frente e a outra atrás. Aliás, a Europa precisa reinventar a sua mão-de-obra, especialmente se resolver se livrar dos imigrantes, com ascensão  da extrema direita!

Mas a “nova guerra do ópio”, a que presumo, tem a ver sim com as tais terras raras ucranianas e outras que tais,  porém, os seus efeitos assim como aquela, são também viciantes (os chineses sabem bem disso!), como também uma ameaça a soberania dos países, ou seja, eu estou me referindo as big techs – essas provocarão a quebra da soberania dos Estados Democráticos, pasmem, em nome da liberdade -, ou seja da forma  que os ingleses defendiam em pleno século XIX ao declarar guerra aos chineses por este se recusarem o ópio!

  No século XIX, a China, governada pela Dinastia Qing, adotava uma política de isolamento, restringindo o comércio com outras nações.

  A Grã-Bretanha, interessada em expandir seu comércio, encontrou no ópio um produto lucrativo para vender na China. Diga-se de passagem, lucrativo e viciante!

Pois bem, a nota emitida ontem pela Embaixada dos Estados Unidos em tom de ameaça ao Brasil que, age conforme a legislação brasileira e em defesa dos interesses nacionais, é a prova de que não existirá soberania se se esta não for conforme os interesses dos Estados Unidos: o Brasil e o mundo precisam saber disso!

Por fim, pelo andar da carruagem, eu me pego a perguntar por aqueles “patriotas”. Sim, aqueles mesmos que se manifestavam de verde e amarelo pelas ruas, praças e em frente aos quartéis, mas beijando a bandeira dos Estados Unidos ou a bandeira de Israel – pra mim    fica claro que   esses caras não defendem quaisquer interesses brasileiros – cadê eles agora? Será tudo aquilo o efeito de outro tipo de ópio? Creio que sim!