Porque é importante ler Freud no caro café da manhã (II)
Por Gilvaldo Quinzeiro
Como nos diria Freud, caso estivesse por aqui mordendo seu charuto, “entre ameaça de ser mordido pelo pai, contra o qual a criança desenvolve sua hostilidade, é preferível uma fantasia substituta, a de ser mordida por um cavalo, pois, este, ao menos não se encontra ali na sua rotina do dia a dia”.
É essa ambivalência que nos faz ser uma espécie de ouroboros, ou seja, a cobra que morde a própria cauda.
Mas dita de outra forma: se fôssemos humanamente o sol, o que não evitaria que realizássemos movimentos erráticos, além do que uma porção nossa jamais tomaria conhecimento da sua outra porção dia, o brilho, entretanto, que é próprio das estrelas, seria alcançado com muito suor e sangue no esforço do equilíbrio!
O equilíbrio, essa peneira com o qual tapamos o sol, é o jeito certo, porém tortuoso de, ainda assim, ocuparmos e termos consciência da nossa escuridão, assim como dos nossos dias ensolarados!
No parágrafo inicial, no qual citamos a criança que transfere a sua hostilidade para o cavalo, ao invés do pai, Freud percebeu que o fundo disso tem outro nome: o nosso complexo de castração!
No mundo de hoje onde a “bunda” prevalece sobre a “cabeça” , sofrer dessa ambivalência não é só ser picado pela cobra, que se passa por outra coisa – sem a sua cauda, mas não tirar lição alguma sobre o seu próprio veneno!
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