Deus e o diabo no segundo turno das eleições presidenciais

Gilvaldo Quinzeiro

A discussão que ganha força nos dias que antecedem as eleições para Presidente da República, não é a que trata das questões politicamente centrais no que diz respeito ao desenvolvimento do país, como segurança, saúde, educação, ciência, e nem as “domésticas” nas quais se discute a “ocupação dos cargos públicos” como se esperaria. Ao contrário, o debate que se trava é uma espécie de maniqueísmo entre o “bem e o mal”. De sorte que tal discussão trás à baila a Religião X Política. Tema este nem sempre recorrente numa disputa presidencial, mas, quando presente suscita sempre o medo e terror!...

Sem ter a pretensão de esgotar este tema complexo e merecedor de uma análise mais apurada, me proponho como cidadão ao menos expor a minha opinião, aproveitando deste espaço democrático que hoje é a mídia para suscitar mais reflexões por outras nuances. E como caboclo que sou, usarei de poucas palavras para entrar diretamente no assunto.

A política e a religião nascem das vísceras humanas para, humanamente contradizer o que nelas acreditam encontrar a força que aos humanos se sobreponha. Isto é, nada mais humano do que ambos, ainda que suas aspirações sejam ir além do que humanamente é possível. Historicamente o poder político, quanto o poder imanente à religião, conquanto se proponham a “ser para sempre”, jazem nas catacumbas da história para, quando por esta “desenterrada” provocarem “espantos”, que, somente à luz de um “contexto” dado, serem “entendidos” como tais.

“Fé” para ter poder ou ter “poder” para ter fé? O resultado desta equação é igual a soma de tudo que é humano, sem o qual nada seria mensurável. Isto é, o que está se evidenciando no rumo destas eleições, não é a “fé”, que deveria servir de exemplos aos “incrédulos”, mas o “poder” historicamente constituído a partir dos grupos religiosos que se sentiriam enfraquecidos sem a “força humana” que da religião lhes emana.

Neste sentido se faz necessário uma questão: caminhamos ou não para uma teocracia? Os que de última hora tiveram que mudar seus planos de governos para se contemporizar com os que antes estavam “descontentes,” governarão em nome de que quem? Para que “Brasil” discursam os então candidatos? O “poder” que hoje impede uma discussão ampla e profunda das questões sociais nos aponta em que direção? Estamos “iranizando” nossas idéias?

Numa sociedade complexa como a atual, fugir da discussão de temas, ainda que extremamente delicados, como o aborto, célula troncos, união homossexual entre outros, diga-se de passagem, demandados por esta mesma sociedade, e, ainda por cima, por força de uma pressão de um determinando grupo, seja ele qual for, é no mínimo “empurrar para debaixo do tapete”, o que mais tarde pode nos afundar na lama. Em outras palavras, significa um retrocesso!

Portanto, a era “pós-Lula” parece antecipar o que para a história nunca foi “enterrado”, ou seja, mesmo em se tratando de “múmias” há o que ainda nos interessa a ser estudado. O que dizer então de assuntos da atualidade? Isso sem falar que mesmo nos “enterros” a luz quando se acende ou se apaga de vez, tem um significado, enquanto que entre que os rezam os seus mortos há aqueles que preferem escavar covas rasas para dos “fantasmas” não se livrarem!... Então corram que os fantasmas vêm ai! As eleições, coincidência ou não, ocorrerão exatamente no “Dia das Bruxas!...”.

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