Um pedaço da orelha de Van Gohg

Gilvaldo Quinzeiro





Gauguin em mim é um Van Gohg sem uma das orelhas; um copo de vidro estilhaçado no chão!...


O que me monalisa, no entanto, não é a perfeição de Da Vinci, nem Guernica fantasmarizada por Picasso, que nos dói de ver, mas todos os outros loucos a partir do “Frota”, que não puderam pintar suas faces, como eu pinto a minha aqui no escuro das minhas dores!...


Ora, vejam só quanta arte para sobreviver do lixo catado com mãos trêmulas de fome! Não é para ficar de “orelhas em pé”?


Gauguin e Van Gohg, hoje mestre da pintura, mas, enquanto vivos, tiveram seus quadros jogados na lixeira da crítica!


O olhar humano sobre a arte,assim como todos os outros, não deixa pois, de ser hipócrita -, ver primeiro exatamente aquilo que lhe cega!.. Hoje quem não comeria um pedaço da orelha de Van Gohg?


Mas, os hipócritas foram os que olharam antes ou depois da morte dos artistas?


Arranque-me os cabelos, de preferência os brancos!...

Comentários

  1. É sempre assim! O conhecimento popular revela as suas verdades: "Só se dá valor a algo depois que o perde". E como diz M. de Assis, se me não engano, "Todo reconhecimento é póstumo".

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla