Temperando a cultura

Gilvaldo Quinzeiro



A cumbuca prima pobre da bacia, imã mais velha da cuia, ambas feitas de cabaça qual Eva da costela de Adão – útero onde se gesta o tempero de toda a cultura cabocla!

O pilão socado a três: seis braços abraçando uma só cintura e seis olhos fitos no mesmo espelho – imagem futura do que mais tarde há de se comer – arroz misturado com feijão e muita farinha branca para ser comida em forma de “capitão”!...

Na mesma cena de fundo, no fundo de uma panela de ferro uma mulher em apresentação solo torra o arroz ainda verde, enquanto um velho tira um “tição” para levar bem próximo da boca, com o objetivo de acender um tronco de cigarro que se encontrava há muito tempo (escondido talvez) na gaveta de uma mesa...

São cinco horas da manhã. Frio de bater o queixo. Lamparina quase que pedindo socorro! Os bichos já comendo no terreiro. Alguns meninos  se acocorando entre as trempes. È o tempo se acordando para o tempo do sertão.

Viva o Nordeste brasileiro!

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