A POESOFIA
Por Gilvaldo Quinzeiro
Se eu não me tomar como fonte de leitura, como compreenderia as outras escritas das quais não sou eu autor?
Se eu não me tomar como fonte de leitura, como compreenderia as outras escritas das quais não sou eu autor?
Se Freud, para criar a
Psicanálise, teve que se afundar em si mesmo como fonte de leitura, isto é, na
“coisa freudiana”, como nós outros, poetas, artistas, pensadores, bêbados poderemos prescindir da escrita que borra em
nós sem que a compreendamos primeiro?
De que escrita se
está tratando aqui? A resposta é: da “coisa” se rastejando dentro de nós
tal como uma serpente à espreita do rato!
A escrita da qual estamos
tratando é filha da mesma árvore que fez brotar da cabeça de Isaac Newton a lei
da gravidade ou da de Freud que concebeu o inconsciente, isto é, da árvore da
intuição, e como tal é sim, empirista. Ou seja, estamos falando da escuta da
“coisa” que antecede o ato de escrever. É também esta escrita que lambeu o
instante em que Albert Einstein colocou a língua pra fora para borrar a cara do
mundo!
Assim sendo, torna-se imperiosa a
escuta atenta das vozes que vêm de dentro da nossa escuridão, sob pena de não
se saber compreender o que os outros escrevem quando incomodados pelos seus fantasmas.
A tal escrita é a que denominarei
agora de poesofia! O seu parto dar-se-á quando da sua
eclosão no ninho que não o da coruja!
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