A escassez de homens em tempo de avalanches de vírus
Por Gilvaldo Quinzeiro
No tempo de Alexandre, o Grande, a percepção de uma possível ameaça,
que não fazia o seu oponente dormir, estava a léguas e léguas de distancias à
passos de cavalo, hoje, na imediatidade das coisas, já não temos mais a
percepção das ameaças, posto que ou essas já se tornaram nossas velhas
inquilinas ou já estamos há tempos adormecidos por essas.
Marco Aurélio, o imperador filósofo, em suas Meditações,
falava das rachaduras do pão no processo de cozimento. Hoje, já não temos a
percepção das rachaduras que nos habitam, posto que em certo sentido já estamos
fritos.
Quaisquer análises das crises do nosso tempo poderão estar
fadadas ao fracasso se não partir do pressuposto da crise da escassez de
homens; de homens que pensam; de homens com a capacidade de perceberem e se anteverem
a uma catástrofe.
Os homens de hoje mesmo de joelhos não passam de uma mera
caricatura ao tentarem compreender ou a conter o fluxo dos acontecimentos!
Ora, dizer que o ponto central da nossa crise é a escassez de
homens, é dizer também da nossa falta de
parâmetros para medir e mediar a
crise. Protágoras compreenderia bem o que isso significa...
O agravamento da crise, estamos falando agora da nossa crise
política, social, econômica e pandêmica, se transformou naquilo que é o óbvio,
e por isso mesmo é aqui que reside o perigo, ou seja, da nossa não percepção,
uma vez que aquilo que é óbvio é da ordem do não percebido, assim como a água
para o peixe.
O vírus da falta de discernimento, é pois, a maior de todas
ameaças!
Por fim do que adianta a prece para se apegar a uma Mão sem
ter o discernimento de qual das mãos é a sua?
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