Sem o crivo da razão, as preces apressadas nos ensanguentarão?
Por Gilvaldo Quinzeiro
O atraso que nos faz implodir o relógio, não é em virtude do
cavalo, que teve de ser antes pego no pasto, lavado com água retirado do fundo
do poço; pelos aparados e selado por mãos grossas de outras pelejas – ainda
assim ao destino se chegava! A questão é
outra: o tempo de hoje ganhou asas em nossas ricas preces apressadas.
Estamos, enfim, todos ajoelhados, e com pressa para que o tempo da nossa prece seja curto o suficiente para as milhares de rápidas
postagens no grupo da família: também apressado pela nossa prece!
As cenas da invasão ao Capitólio ocorrida no dia 6, onde “seres
com chifres e vestidos em pele de urso” parecem emergir de outros mundos não
serão digeridas com o simples uso dos dedos ao clicar uma curtida ou
compartilhamento de uma página do facebook. Precisamos fazer uso de algo cada
vez mais raro e que nos exige um complexo esforço, a razão! Mas estamos muito apressados em nossas preces
ou entretidos com os ‘pisca-piscas dos últimos enfeites natalinos para
compreender o que está acontecendo – a pressa que nos transformou em coloridos peixinhos,
nos impede de perceber o óbvio – agua. O ódio também tem nos levados para
debaixo das patas dos cavalos, quando não somos nós que lhe acertamos o coice.
Pois bem, aquelas cenas são a prova de que ‘a
modernidade’ ainda não se desvencilhou do tribal ou das cavernas – sedenta por sacrifício
e sangue! Aquelas cenas podem ser entendidas
como o resultado da fé sem as rédeas da razão; da fé surgida em fogo de monturo,
digamos assim. Por isso se faz necessário um São Tomás de Aquino (1225-1274),
isto é, colocar a fé sob entendimento da razão. Do contrário, cenas como
aquelas não serão mais bizarras, e sim a normalidade em altares prenhe por sacrifícios.
Que os vikings, os hunos e outros que tais fiquem restritos ao
seu tempo e preces! Que o tempo de se erguer os altares seja o mesmo com qual se selava os cavalos!
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