Então para que mesmo servem os olhos?
Gilvaldo Quinzeiro
Se os homens primevos nalguma época fizeram dos monumentos de pedras, os monolíticos,
os olhos que duram para sempre, quando os seus próprios se esmagavam, então no
atual contexto em que nada se segura em pé, quem poderá ver por que os
antigos mantinham sempre os seus arregalados?
O Stonehenge,
por exemplo, são os olhos de um Outro na presença do qual, os nossos se
esfarelam? Ou “o espelho” que nos eleva a condição do “eu”, não resiste à ideia
de que nada podemos ser?
Hoje, ser de “barro”, quando ainda que de pedra pudéssemos
nos sentir também tão frágil, é a prova que a existência, seja ela qual
for, inclusive aquela na qual não
passamos da mera condição de “sabugos” -, dorme enquanto como bebê
esperneamos!
Estás vendo o quê, enquanto os meus olhos já foram
pelos teus arrancados?
A falta de olhos nos farão erguer o quê de pedras?
Quão duras sejam as respostas, mas, que breve sejam!
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