Como ser o ser do no nosso ser, diante do que já se derrama: um diálogo com o espelho!


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

Naquilo que o outro se derrama, ser “a rolha” é a única condição que já não nos transborda. Fora isso, o ser do ser do nosso ser é por de mais liquido para qualquer ideia de solidez.

 Ora, o dito acima é uma introdução a um diálogo com o espelho. E como tal nos remete ao ato fantasmagórico  de ser – o encontro com a realidade que nos escapa, tal como o liquido do vaso que se despedaça.

Ontem, depois de muito observar um adolescente  que reiteradas vezes  se olhava num espelho. E depois, numa conversa em particular, fiquei sabendo através das palavras dele que, “o ato  de se olhar constantemente no espalho é uma espécie de alívio para a sensação repetida de que por qualquer motivo, o seu corpo, notadamente, o seu rosto, se deforme”.

Este fato, na minha prática e escuta terapêutica não foi o único. Contudo, o que eu quero aqui é levantar uma reflexão acerca de como é tênue e puídas as linhas com as  quais edificamos “o nosso ser”, o self, para ser mais preciso. Ou seja, é como se  um peixe em pleno oceano quisesse  fazer daquela imensidão, uma escultura que o representasse em quanto peixe. Impossível, não?

Assim, também “ser você para você mesmo” em detrimento do outro que se espraia, é algo significativo e edificante. De sorte que, se falarmos em “missão”, a nossa é sem duvida nenhuma, ser nós mesmos!

Pois bem, este mesmo adolescente me revelou outro dado intrigante, a saber, “quando este se encontra com a namorada, mesmo dançando, e, . se repente aparecer no salão um homem mais bonito, para de dançar, e vai para um canto, sentindo-se inferiorizado”.

Veja caro leito, o que é a experiência do espelho – é somente à luz desta que o “príncipe pode literalmente  se transformar em sapo, e vice-versa. Ora, neste mundo cada vez erguido pela força das imagens, umas perguntas têm que ser feitas: qual a imagem que os adolescente têm de si mesmo, quando as dos outros lhes são mais fortes? Quantos estão se sentidos afogados pela imagem que gostariam de ter? Quantos corpos estão literalmente sem suas “cabeças”?

Portanto, Pelo exposto, senhores pais, permanecer de pé diante dos filhos, é mais do que uma simples pose para uma fotografia – é ser “o  espelho”  para aqueles que ainda se assombram com a própria imagem!

 

 

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