A felicidade em tempos rasos: quem ainda chora?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A felicidade não se ostenta por bastão, qualquer que
seja. Engana-se quem pensar que a ostentação seja o melhor remédio para os
males que corroem a nossa alma.
Em nossos dias, à medida que a ostentação se enraíza profundamente
no nosso modo de vida, a felicidade fica rasa. É aqui onde todos se atolam
pisando sobre a própria face. O resultado não poderia ser outro: muita
maquiagem e seca de risos.
A felicidade, meus raros leitores, não precisa de
maquiagem. Ela (a felicidade) é como a pequenina flor da beira da estrada – não
brota para os apressados, e nem depende dos que por ela se demoram. Ou seja, a
felicidade não é um achado, mas, uma busca apenas.
Dos poetas ouvimos sobre os caminhos. Dos profetas
aprendemos sobre os sinais. Mas só os alquimistas
ousaram meter a mão na massa. Contudo, ser feliz é fazer dos seus escuros, um
dia, ainda que breve! Tal lição não se aprende nas algazarras das massas, e sim,
rompendo a placenta do seu dia a dia.
Dias atrás, um sujeito bateu a minha porta, e antes que
eu lhe cumprimentasse, ele foi logo falando: “estou aqui apenas para chorar.
Deixe-me entrar!” Pois não, entre e chore. – Disse-lhe.
Meu caro leitor, os dias de hoje ficaram tão rasos que
nem para chorar, o sujeito encontra-se fundo: toda sequidão nos abunda! Este sujeito
chorou o que pode, todavia, o que lhe
impediu de chorar por inteiro, isto sim é que lhe deixa tão raso.
Preocupo-me muitos com os jovens, pois, se os mais velhos
com as “raízes” que ainda lhe sustentam, ficar de cócoras é sofrido, imagine o
que significa permanecer de pé para os jovens “desraizados”?
Bom domingo a todos!
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