Foram como cobras, os protestos de hoje?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A história é uma serpente de duas cabeças, uma em cada
extremidade. De sorte que, querer saber em qual das extremidades corresponde agora o rabo, consiste apenas em revelar uma venenosa dúvida – a de que a cabeça já não mais nos pertence!
Os protestos desse domingo, dia 15, que tomaram as ruas
das principais cidades brasileiras, é uma marca historicamente picante: o PT é obrigado a provar do próprio veneno!
Pois bem, ao acompanhar pelos telejornais as
manifestações de hoje, me vi obrigado a fazer várias reflexões. Dentre estas, a
seguinte: primeiro, nem a ARENA - partido, que deu sustentação a ditadura
militar, durante 21 anos, foi tão hostilizado como o
Partido dos Trabalhados! Segundo, terá o
PT condições de sobreviver os “panelaços e os caldeirões” da história recente
ou este terá o mesmo destino do PDS e PFL, ambos nascidos do DNA da antiga
e retrógrada ARENA? Só a história nos responderá!
Ora, ao escrever este texto também me vem à cabeça, o
mito da “serpente emplumada”, dos Astecas, bem como a sua cosmologia - que ciclo finda? Que ciclo se inicia?
O gigante volta a se mexer, mas de que lado fica a sua
cabeça?
O mesmo PT que antes era tão feliz liderando as massas
nas ruas, hoje sofre calado ao se dá
conta de que nada pode fazer para conter a multidão que, apaixonadamente grita: “fora PT”!
Vivemos um momento historicamente de muitos “nascedouros”.
Mas eu prefiro vê-lo pelo lado antropológico, uma vez que, me aproximo mais dos
meus ancestrais. Entre estes, os velhos
xamãs.
Por fim, não se faz história sem correr o risco de ser por ela condenado. Por isso, há quem prefira ficar no
seu canto só chocalhando – eis aqui a mais terrível e venenosa de todas as
serpentes – a que pica a si mesmo!
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