Enfim, as máscaras caíram!


Por Gilvaldo Quinzeiro


Lendo alguns artigos e depoimentos de pessoas a respeito do que ora está em curso no Brasil, lembrei-me de meus velhos escritos sobre o assunto. E aqui vou relembrá-los à luz dos acontecimentos recentes.

Nas primeiras ‘enchentes’ de manifestações de ruas ocorridas em junho de 2013, conquanto, a presença de muitos mascarados e múltiplas bandeiras, eu disse sem pestanejar: “nem tudo que corre na água é aquoso, entulho e outras coisas dessem juntos”. Disse isso para chamar atenção dos ‘obscuros desenhos’ traçados por poderosos engenhos emergidos do   fundo do caos da nossa complexa realidade.  

Naqueles dias, o gigante fora acordado por buzinaço e palavras de ordem porosas demais.   Apesar de não ter uma grande quantidade de leitores, só três no total, houve quem refutasse o meu olhar!

Pois bem, hoje que algumas máscaras começam a cair, vejo que de todo eu não estava errado. As águas baixaram, e muitos entulhos ficaram a vista; entre estes, o desenho no fundo lama: um sutil e sofisticado   golpe!

De cara logo, uma coisa me chamou bastante atenção: quão era estranho que   os mesmos jovens que se postavam dia e noite em frente a um computador, e que por isso, muitos não sabiam onde sequer ficava a padaria, agora eram arautos da mudança do mundo real. O virtual tomava conta do mundo real com uma força impressionante!

Nada contra a isso. Pelo contrário, eu sempre defendi a importância da participação dos jovens no processo político, e as transformações dependerão do engajamento da juventude.  Mas como sabemos, os tempos de hoje são de fatos estranhos! As águas em vez correrem para baixo, correm para cima!

Heráclito, filósofo grego, se ainda vivo estivesse, observaria o curso das águas, e diria o seguinte: “desta água o balde que vem lá do fundo, voltou enxuto pelas incertezas”.

Todavia, passadas as ‘chuvas e as trovoadas’, alegro-me ao ver entidades como a CNBB; muitos artistas, juristas e outros, se posicionando contra ao que se acredita ser as ações golpistas em curso no país!

A propósito, hoje li uma carta de Tom Zé se posicionando sobre o assunto. Tom Zé como sempre um ‘engenho’ do seu próprio tempo. Isso é muito importante!

Eu só espero, porém, que estes posicionamentos, este acordar, não sejam tardios.

Agora, que já não vemos só as máscaras, precisamos perceber no contorno das faces as suas verdadeiras expressões. E acrescento: nestes tempos midiáticos e outros que tais, nem tudo que ‘bomba’ é do tamanho de uma pipoca; nem tudo pelo qual se grita é de fato da ordem dos interesses dos mais pobres.

Aquela cena em que uma babá conduzia um carrinho com os filhos dos seus patrões, enquanto estes marchavam pelas mudanças que só interessam a eles, é a linha divisória do que está acontecendo, e mais precisamente daquilo  que  estará  porvir.

Enfim, as máscaras caíram!





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