Poetizando os nossos males


Por Gilvaldo Quinzeiro


É incrível como os sofreres se apossam de qualquer lugar dentro do nosso corpo. Hoje o que me chamou atenção foram os olhos de uma moça: poços de seus sofrimentos e tensões. Este texto tratará ainda que brevemente dos amarradios dos nossos sofreres. Não com o propósito de uma dissertação, mas de ‘poetizar’ o que deu a Freud tanta fonte de inspirações!

Eu quero aqui o olho e os dentes em nossas feridas!

Assim como entre a palmeira e o palmito, o prazer e a dor são partes integrantes da mesma testa frangida: o corpo é espaço de fusão, logo, plantar-se para além de uma existência pautada numa busca qualquer é não se murchar sem compreensão alguma.

Sofrer não é nada, quando não se tem outra saída. E nem o diabo do sofrimento é toda a carne fraca, diante do prazer momentâneo – ilusão de todo ser humano, mas apodrece-se em ossos alimentando-se de puro rancor!

O rancor, meus caros, é como o rabo do cachorro sendo mordido por ele mesmo, isto é, quanto mais abocanhado, mais para dentro fica!

O que se quebra dentro, o que só lá fora devesse existir, jamais deveríamos lhe permitir morada: o rancor, por exemplo.

E assim, que a busca da cura não nos vicie na ideia de que o gozo é pleno, e nem o adoecimento constitua na nossa fixação ao sofrer.

Temos sim que ser a árvore do nosso compreender: este é o chá para todos os nossos males cujas raízes, às vezes, estão tão rasas!


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