Os perigosos gestos em tempos de pandemia
Por Gilvaldo Quinzeiro
Em tempos que já eram de crises, e onde as mãos já não se
apertavam, posto que as indiferenças, os preconceitos, o fundamentalismo tanto
de ordem política e religiosa, estampavam nas faces, assombrosas bocas pelas
quais se cuspiam violentas palavras, em uma sociedade dividida entre bons e
maus; santos e demônios. Com a repentina
chegada do coronavírus, hoje, o nariz, que antes já se entortava a qualquer
cheiro que não fosse o nosso, substitui as pontas dos dedos nos assemelhando a famintos
tamanduás em farta descoberta de formigueiro!
Que tempos estranhos são estes? No que estamos de fato nos
transformando?
Pois bem, considerando que a nossa sociedade tem se
transformado num gigantesco cabo-de-guerra ideológico, um dos resultados
imediato desta condição, é que estamos aos poucos ‘ganhando patas’, e, de
patadas em patadas, perdemos de vista a noção dos reais acontecimento, como no
caso específico da crise do coronavírus, onde o surgimento de enxurradas de
teorias das conspirações, de fake news, entre outras tantas similares, poderá
nos encurralar de vez numa situação sem saída.
Estamos diante uma simples gripe? Uma doença criada em laboratório?
Uma invenção dos chineses para melhorar os seus negócios? Uma “fantasia
criada pela imprensa?
Sejam quais forem as respostas, estas não poderão mais
surtir efeitos diante do caos já instalado. O que temos que nos preocupar é com
o enfrentamento da situação real. Eis o que se espera das nossas autoridades,
bem como do conjunto de toda a sociedade.
Gesto como aquele
praticado pelo Presidente da República em apertar as mãos das pessoas, na manifestação
ocorrida domingo, 15, a despeito do mesmo está com suspeita de ter contraído o coronavírus,
depois de uma viagem feita aos Estados Unidos, em que grande parte dos membros
da sua comitiva presidencial contraiu a doença, é algo insano, o cúmulo do
absurdo!
Na mesma ordem, há notícias espalhadas pelas redes sociais
dando conta de que líderes religiosos que sob justificativa de que a fé os isentam
do contágio do coronavírus, estão expondo os seus féis ao risco
desnecessário. Eis o comportamento que
nos faz voltar aos tempos medievais. Gestos, que podem nos custar a perda da
vida!
É claro que não podemos ser a favor de notícias alarmistas, que
poderiam levar a população ao pânico, entretanto, não devemos simplificar,
menosprezar, negligenciar, ocultar a gravidade da situação provocada pela
pandemia do coronavírus por quaisquer que sejam os motivos e justificativas.
Por fim, em tempo onde a recomendação feita pelos organismos
ligado as áreas de saúde é o isolamento, devemos evitar ao menos gestos que
possam agravar a situação!
Uma boa terça-feira a todos!
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