A propósito das conferências sobre a violência, o que não é merda ou sabonete?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A violência é face, maquiagem e espelho, e, se duvidar, o
mais pegajoso de todos “os sorrisos” que, das nossas faces nunca se oculta. Ou
seja, a violência é tão nossa quanto a
própria pele, a questão, no entanto, é como dela se desvencilhar sem que não fiquemos em carne viva.
Num dizer mais rasgado, eu diria, a violência é a merda
que, ainda que empurrada para debaixo do tapete, não esconde o quanto a
civilização tem investido em vão só com sabonetes. Aliás, não é por nada que a
indústria que mais cresce é a de higiene
e limpeza -, o problema é quem vai ter que sujar as próprias mãos, enquanto os
demais continuem acreditando que “cheiram bem”?
Ora, vivemos na época dos “pacotes, das receitas, das
especialidades, enfim, das coisas todas
prontas”. A violência, ao contrário, é
espraiada – e cresce no estômago da sociedade que mesmo “pançuda” se considera
fina demais para não ter que vomitá-la. E agora?
E assim, esperamos
confortavelmente como bons cidadãos que na próxima novela da Globo, as nossas
autoridades, enfim, a sociedade, assista mais um tema que, nos faça ver a nossa face nas dos atores - quiçá, já não
toda quebradiça como os espelhos nos quais a face mais bonita é a nossa. A nossa
ou a dos “anunciantes” que, mesmo
sabendo da nossa pele em carne viva com e pela violência, nos recomendam sabonetes esfoliantes?
Que coisa, não?
Sim. È a coisificação da violência, e nós, seus filhos
de pele e osso!
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