O sujeito do sujeito, quando tudo é pedaço, e a completude, a escuridão?




Por Gilvaldo Quinzeiro



A propósito de “aos olhos cegos do Outro, tudo enfim, é esburacado”, de fato, a meu ver, este “esburacamento”  é uma marca indelével do sujeito contemporâneo. Ou seja, não há como se  evitar que a percepção  da realidade lá fora, não seja  como sendo  a sobra dos “pedaços” que nos falta por dentro. O agravante disso, no entanto,  é que  estes  “pedaços” são parte  das nossas faces (sem olhos)  num mundo onde a mãe de todas as coisas são as imagens -  o visual.  Tá vendo cara, a tua cara como a cara do outro acolá?

Seria uma coincidência tantos esquartejamentos estarem se repetindo nas cenas da nossa violência diária? E quanto aos estupros que estão ficando cada vez mais frequentes e midiáticos?
Uma coisa precisa ser dita: se o mundo lá fora nos parece tão assustador é porque no de dentro, em nosso interior, não  há nada que já não tenha sido por nós “devorado”. Babando, não?

Não corra, por favor! Mas para seu conforto, se assim posso dizer, o “bicho que corre atrás de nós, há muito tempo já nos pegou, pois, este é um daqueles “pedaços”, (solto dentro de nós)  só que de olho nos nossos olhos, alimenta-se dos inoportunos eclipses.

Compreendeu porque somos tão “tatuados”? Ora, os olhos de cá, se quiserem ser pelos outros  identificados  que nos devorem primeiro. E assim, e somente assim,  eu noto que também sou “despedaçados”.

Por fim, uma ótima sexta-feira com muitos pedaços para se aproveitar!

Bom dia!



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