Os mares e os cemitérios: uma reflexão sobre o drama dos imigrantes africanos



Por Gilvaldo Quinzeiro


...Enquanto  isso,  na travessia do Mar Mediterrâneo, imigrantes do Norte da África tentam  escapar da fome, da pobreza e das guerras – em direção a Europa. Só nos primeiros meses desse ano,  mais  de 2 mil pessoas já morreram!

Mais uma vez na história, os mares  servem de cemitérios aos homens, embora, os homens também já “enterraram o mar”, é o caso por exemplo, do Mar Aral, localizado no continente asiático.

Do seio da Mãe África, milhares de africanos imprensados como “sardinhas em lata”, fazem agora o caminho inverso, do época do imperialismo do século XIX. Logo,  não tarda  a triste constatação, qual seja, a face dura da civilização europeia que, de coração de mãe, não tem nada!

Caronte, o barqueiro do Hades, na mitologia grega, não perdoa: sem um “danake”, a  travessia fica pelo meio do caminho!  Barcos lotados de pessoas desesperançadas – encurtam o caminho entre a vida e a morte! Como no passado, os mercadores de “carne humana”, dormem de consciência tranquila!

Pobre Mãe África que secou o leite para alimentar  tantos filhos! Ou pobre Europa a esconder suas tetas leitosas dos dentes da fome do mundo?

Muitos dos que deixam a África em direção a Europa – para “morrer na praia” , estão fugindo de conflitos religiosos. Ou seja, em nome de "Deus", outras terras prometidas,  enquanto os homens se matam para saber quem são os seus verdadeiros herdeiros!

Mas há também batalhas pelo poder político. Facções contra facções, e o resultado: a miséria e o povo abandonado!

O mundo dos ricos está pagando o preço por se tornar atraente demais. O mundo dos pobres, por sua vez,  tem atraído cada vez mais  as moscas. E o resultado desse mundo desigual, mais uma vez, só os mares serão testemunhas oculares!

Viva quem?

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