O ‘gozo’ e escorpião
Por Gilvaldo Quinzeiro
A formula do gozo é muito parecida com o escorpião. Ou
seja, tê-lo na mão não significa necessariamente provar da sua natureza. O pior
de tudo, entretanto, é a pressa de apalpá-lo . Gozar não é exercer controle, especialmente
no que tange ao outro, mas antes deixar-se picar pela complexidade em curso.
Hoje em dia o gozo é cada vez mais duvidoso, em que pese
toda a exaustão. Porém, à medida que os desertos avançam, somos cada vez mais
seus escorpiões.
O ciúme, sobretudo o patológico, é o ‘esqueleto’, que carrega
este comportamento doentio – para muitos, o melhor de si, tal como o ato de
picar para os escorpiões.
Sim, estamos cada vez mais parecidos com os escorpiões.
Cada um em seus cantos escuros, porém, todos bem ‘armados’ e à espreita de
qualquer mão!
Talvez por isso, a preocupação excessiva com a pele. A
indústria que mais cresce é a cosméticas e seus derivados. Máscaras e maquiagens
tão o dom das novas faces.
Outro dia, eu falava com uma garota, que já havia recorrido
o suicídio por várias vezes, e em todas estas tentativas uma coisa se repetia:
estava se sentindo mal por não está usando o seu batom.
Que porra é essa? Nada! É simplesmente um escorpião, que resolveu
se picar!
De fato, diante dos desertos nos quais nos afundamos, a
morte tem sido ‘desejada’ com tanta pompa quanto o gozo por fetiche.
Morrer é certamente o fim da picada. O gozo, porém, é como
o escorpião, isto é, para muitos, um velho assombro; para outros, algo pelo qual
vale a pena correr tanto risco!
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