As prisões nossa de cada dia
Por Gilvaldo Quinzeiro
De novo as rebeliões, fugas e decapitações de
presos nos presídios brasileiros voltam a ser manchetes nos noticiários. O de
Pedrinhas, então, já virou pauta diária
para os jornalistas de plantão. Além dos assassinatos já recorrentes, agora é o
próprio Diretor da Casa de Detenção, do Complexo Penitenciário de Pedrinhas,
Claudio Barcelos o principal suspeito de facilitar a fuga de presos. Contudo, o problema não se limita ao Maranhão, no
Paraná só esta semana ocorreram duas rebeliões, inclusive com reféns. Nos demais presídios
brasileiros, as condições não são tão
diferentes, de modo que, a qualquer momento poderá eclodir outras rebeliões. O
cerne do problema é: superpopulação de
presos e para uma escassez de presídios. E a solução para isso, seria
quase um Maranhão inteiro só de presídios a serem construídos! Enquanto
isso, nas ruas, diante de tanta insegurança é o cidadão que
vive preso por trás de grades e muros! Já nos palanques eleitorais – só discurso, e
ainda assim, distante da realidade!
Para falar
desse assunto tão complexo, eu vou começar como se diz no ditado caboclo, “de
trás pra frente”, a saber, da infância ou mais precisamente, do que
restou dela. Ou seja, a falência da infância. Ora, dizer que a “infância faliu”
é afirmar que tudo mais se acabou, em particular a família, e com esta, a educação e por conseguinte, os demais
pilares que sustentam a sociedade. O Estado por sua vez, não passa de uma boia a flutuar num mar de caos cujo remo é a
corrupção. Em outras palavras, a
sociedade toda está à deriva. Este é, portanto, o preço a pagar pela
sociedade que tem como parâmetro, o consumo. O consumo que, por sua vez, substitui todos os valores, inclusive, a própria
natureza.
Por outro lado, uma das oportunidades para que a
sociedade discuta as soluções para este
e outros problemas é agora, uma vez que,
estamos em plena campanha eleitoral. A questão é que infelizmente, uma
campanha eleitoral como a que estamos vendo,
especialmente no que concerne as propostas dos candidatos, não é feita
com a participação e as reivindicações
dos cidadãos, pois, tudo é engenhado por uma equipe de marqueteiro para
a qual, o candidato não passa de mais um produto a ser vendido no mercado.
Enquanto isso, os reais problemas
enfrentados no dia a dia pela população, entre estes, a violência, vão se
acumulando como “lixo debaixo do tapete”.
Portanto, a solução para os problemas relacionados
com a Segurança, bem como, para os demais, não pode ser outra, senão aquela
em que se deve “arrancar o mal pela raiz”. Em outras
palavras, a sociedade tem que tomar para si a responsabilidade pelas mudanças a
serem feitas neste país. Do contrário, tudo não passará de mais uma “maquiagem
política”!
Mas voltando a falar da “falência da infância”, concluo dizendo que, sem a atenção familiar,
não há como se ter infância, sobretudo, no que diz respeito as condições especular,
isto é, do espelho, da referencia e do exemplo a ser seguido. Por outro lado, a chamada pós modernidade, no seu ritmo acelerado, tem a maior pressa do
mundo para que todos enfim, se transformem
numa única coisa – consumidor –, a infância antes um “quintal de
imaginação e do fazer lúdico, hoje, não
passa de uma “fábrica de consumismo”. E
a família ou o que sobrou dela, uma escrava a cuidar não dos bem-estar dos filhos, mas a alimentar a fome dos filhos por bugigangas –
a mesma fome que, por sua vez, alimenta a indústria de consumo! Portanto,
estamos diante de um problema “civilizatório”, o seu não enfrentamento é o
prenuncio da “barbárie”!
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