O parto
Por Gilvaldo Quinzeiro
Esta semana uma cena pariu a dor de muitas famílias brasileiras. E
como todo parto, o choro é sinal de que
a carne foi rompida. Estou me referindo a
cena protagonizada por um pai, Ailton
Marinho, 44 anos, que se rasga em pranto ao ver seu filho preso acusado de roubo numa
delegacia da Paraíba. Confesso que fiquei grávido de muitas reflexões! Pari-las
agora não significa evitar todas as dores, porém, de outra forma eu não seria a
mãe do que sinto!...
Pois bem, não
vou perguntar aqui como se “faz um filho”,
e muito menos como evita-lo, mas como ser pai sem sentir a dor por
outros partos? Cada vez mais, eu me
convenço de que os nossos avós foram hábeis educadores, muitos sem conseguir
ler “cartilha” alguma! Sempre que falo desses assuntos vem-me à mente figura
de Seu Abel, um pobre lavrador, analfabeto, e pai de 11 filhos. Claro que na
época de Seu Abel, o mundo era outro. E como era! Ora, mas se no mundo de hoje
não estamos conseguindo nem educar nossos filhos sequer, do que nos serve então viver neste mundo?
Mas voltando ao caso da reação do pai ao ver seu
filho preso acusado de roubo. Entre as frases faladas pelo pai, Ailton Marinho,
estas me cortaram profundamente: “E aí meu filho? O que é que você diz
para mim agora? Diga. Tantas provas aqui. Olhe, diga meu filho, diga agora. Eu
falei tanto para você se afastar de amizade ruim! Amizade é teu pai e tua mãe”.
O pai cita a amizade do filho como sendo a causa
determinante que o levou aquela situação.
Mas o que é mesmo uma amizade? Devem os pais escolher as amizades dos seus
filhos? Existe amizade ruim? Veja o quanto dói entrar no âmbito desta
discussão, isto é, da educação dos nossos filhos!
Portanto, este fato me faz pensar que estamos desenraizados.
Isso para não dizer que estamos de fato perdidos! Pensar que nenhuma solução no
âmbito desta discussão está sendo gestada só pelo fato de se evitar a dor, é se
conformar com os nossos dias sem “parto” algum!
Comentários
Postar um comentário