As vozes e a resistência contra toda a lucidez imposta!



Por Gilvaldo Quinzeiro

 

O deserto é só silêncio quando se espera dele as palavras. Porém, de vozes os desertos nunca foram  mudos. Talvez por isso, os sábios, para as palavras  se fizeram de surdos, mas não para os desertos.  É aqui onde o próprio Jesus  Cristo dá prova a si mesmo – mais do que andar sobre as águas - ele caminha sobre as vozes que sopram dos desertos!

Portanto, enquanto as palavras são amarradios, “as vozes” são sinais de resistência contra toda lucidez imposta! As palavras são Donas disso, ou seja, de nos impor  a sã consciência!

Mas antes das palavras, vieram “as vozes”! Estas são barros e berros presentes em todas as criaturas!

A palavra é o bordado. A voz, o pano.  A linha é a fronteira  que nos separa da loucura. Em toda a loucura as vozes abundam!

De fato, na loucura são as vozes que reinam e as palavras sucumbem. É aqui onde os desertos interiores afloram, e o sujeito se despe de todas e quaisquer   palavras.

As vozes dos desertos são as fontes de todos os nomes e batismos. Ouvi-las, porém, não é para um sujeito qualquer. Muitos tentaram, mas poucos conseguiram retornar de lá sãos e salvos!

E pensar que os nossos desertos, os do interior, são inefáveis, como então querer dá nomes aos ventos que sempre nos causam arrepios?

Com a palavra, as vozes!

 

 

 

 

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