A realidade e suas fendas: a arte.
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Unique DESIGN Pedro Monteiro |
Por Gilvaldo Quinzeiro
A realidade é
porosa. Esta é a condição com que aquela retém os conteúdos. Isto é, não há nada
que a realidade não caiba. A arte é uma das suas intersecções. Por ela (a arte),
o homem respira por uma das fendas da
realidade.
Desde a pré-história, o homem fez da arte a sua armadilha
para pescar, o mais escorregadio de todos os peixes – seus fantasmas!
Os fantasmas e a arte sempre dançaram juntos – é a sombra
projetada contra a parede. Porem, a arte não os elimina, apenas dialoga e adia
o retorno dos seus ventos.
O homem comum não se abstrai da arte. Por isso, repete os passos dos seus fantasmas como se
estivesse atravessando um córrego, isto é, cambaleante e com as calças arregaçadas
até o joelho. A arte aqui é tratada como aquilo que fala aos seus ouvidos, e
lhe põe em fuga.
Mas voltando a porosidade da realidade. Na pós-modernidade,
se esta é a expressão para os nossos dias rasgados, nada mais é do que o se
sentir caindo lá no fundo do poço. É aqui , onde aquela “ alavanca” pela qual tanto gritava
Arquimedes, nos faz falta – não para com
ela erguer o mundo -, mas para tão somente nos abrir fendas maiores e por elas termos por
onde escapar!
Boa quarta-feira de cinzas, e muitas reflexões!
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