Mole como feijão cozido
Por Gilvaldo Quinzeiro
Eu adoro Dali (e de acolá) porque ele me faz pensar no
Salvador no mesmo instante em que eu me desmantelo.
Salvador Dali andou mexendo com estas coisas que a mão de
Freud pintou: “o desmantelamento do sujeito”!
Nesta obra acima, ele (Salvador Dali) se rasga “mole como feijão cozido” na sua premonição da guerra civil espanhola.
Tal obra me faz pensar na loucura e na morte: duas acompanhantes
do homem que o acaricia sem serem
convidadas nem para sentar ou tomar café
– elas são mesmo invasivas!
A loucura nos acompanha mesmo na arte que nos liberta. Por
isso os artistas se pensam livres (mas não da loucura), e moram no mundo. Já a morte vive sentada sobre
nós com sua bunda encardida.
Dito com outras palavras, a loucura e a morte não são silêncios
absolutos, pelo contrário, são falas por nós esquecidas.
Estas “falas esquecidas” nos obrigam a ressuscitar Freud (pra mim ele nunca morreu e nem
morrerá), ainda que na condição de grãos de feijão duro (deixa os moles com Salvador)
para “entalar” aqueles dali ou de acolá que acreditam cegamente em serem para
sempre lembrados!
O quê?
v
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