O cheiro
Por Gilvaldo Quinzeiro
Istambul. De lá me veio o cheiro dos temperos que me
inspirarão neste texto. Adoro as imagens dos mercados e seus mercadores. Tais
cenas me remetem para mundos distantes, talvez ao tempo em que eu (em outras
vidas) fui um aventureiro a seguir as caravanas de mercadores pelos desertos. Ainda
hoje sinto o cheiro dos fortes temperos da antiga Constantinopla!
Lembro-me como se fosse hoje, de ter enfrentado uma
tempestade de areia. Aquilo sim é algo furioso: é como se o deserto inteiro
resolvesse quebrar seu silêncio ao mesmo tempo!
Foi em Istambul que me apaixonei pela primeira vez! Só
Deus sabe o que fiz para seguir o cheiro daquela mulher. Senti-me na pele de Aladim, entrando em becos
e ruelas... Não a vi. Nunca a encontrei. Mas o seu cheiro ainda permanece vivo em mim!
Vivo como o cheiro do café matinal que me acorda todos os dias!
A Istambul voltei inúmeras vezes. Todas pelos mesmos
motivos: seus cheiros! O cheiro é como uma face. Isto é, a primeira impressão é
a que fica!
As mulheres sabem como ninguém a tirar proveito do
cheiro. Nelas o cheiro é como música – suscita
e acalma! As mulheres, talvez, só não saibam
que seu cheiro as vezes nos atrai mais que elas próprias!
Aladim aprendeu
bem nesta estrada. Para ele, o cheiro era como o “tapete voador”: tudo
estava ao alcance da pele!
A pele! é aqui
onde toda filosofia se esbarra! A filosofia que questiona tanto a
felicidade, nunca a procurou na pele. De fato, falta aos filósofos o sentido
que abunda nos artistas e poetas: o olfato!
Que cheiro! Este agora me leva a Buenos Aires! Eu adoro ver
aquelas bailarinas dançando tango!
Será este o cheiro daquela mulher de Istambul?
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