"Nervos de Aço", e as minhas confissões!
![]() |
Lupicínio Rodrigues |
Por Gilvaldo Quinzeiro
Se soubéssemos aprender com a dor das nossas perdas e
decepções amorosas, assim como o fez Lupicínio Rodrigues, certamente as nossas
vidas seriam ao menos, mais musicais. E àquelas pessoas que nos deixaram, ao
invés de ficarmos alimentando rancores que nunca se digerem, seríamos gratos a
elas por nos ter proporcionados momentos tão únicos e inspiradores!
Lupi, como Lupicínio Rodrigues (1914-1974) era
carinhosamente conhecido, foi este homem, negro, pobre, compositor e cantor
gaúcho, boêmio, sobretudo, que não só sobreviveu de pé as suas inúmeras
decepções amorosas, como de fato, as tirou de letras, compondo as mais belas
canções do nosso cancioneiro, tais como Nervos de Aço, Felicidade, Loucura,
Esses Moços, entre outras.
O ato de compor, era para Lupicínio Rodrigues, usando um
termo psicanalítico, uma espécie de “catarse” – o expurgar das suas dores e
decepções! Ora, isso significa, nada mais e nada menos, ir lá no fundo do seu
inferno, e continuar vivo! Coisa que poucos homens conseguem!
Portanto, os motivos que me levaram “a sofrer” todos os
riscos, em bater nas portas dos meus amigos (eu que não toco nenhum instrumento!),
e convidá-los para o desafio de montar este musical, foram basicamente três:
Primeiro, por ter aprendido com Lupicínio Rodrigues a não condicionar a minha existência a um
simples Não, e assim, “tirar de letra” a todas e quaisquer decepções – muito
das coisas que eu escrevo são lapas e arranhões do meu viver!
O segundo motivo, é claro, foram suas belas composições
musicais, que tanto enaltece o nosso cancioneiro;
O terceiro motivo, foi o de levar
aos mais jovens, uma mensagem positiva, não obstante, a sua “sofrência” (usando
uma expressão dos dias de hoje), considerando que as novas gerações, não
suportam ter decepção alguma, em especial, no campo afetivo, pois, dado a sua
baixa tolerância, escolhem como saída a estas situações, o suicídio ou o
homicídio – basta ver os noticiários para se comprovar o número cada vez mais
crescente de casos. É claro que também na época de Lupicínio Rodrigues, isso
acontecia – mas ele, Lupi, optou pela vida!
De modo que, eu quero dedicar este musical “Nervos de Aço”,
a todos os “jovens” que se farão
presentes, inclusive aqueles que amaram e sofreram ouvindo Lupicínio Rodrigues,
mas de modo especial, aos mais novos que sofrem muito mais por não saber lidar
com o seu sofrimento. Não quero com isso, porém, dizer que tenhamos que ser ou
fingir que somos “durões”, mas no sentido de que possamos ser dono dos nossos
sentimentos, e nunca, do outro – o outro, que espera no mínimo que nos amemos
primeiro. De sorte que, por mais que nos amemos, eu nunca serei tu, e tu nunca
serás eu, portanto, não basta apenas amar, é preciso também se aprender a
suportar o outro.
Bem-vindos ao musical “nervos de aço”, dia 5 de setembro,
a partir das 19 horas no auditório da Uema/Caxias!
Comentários
Postar um comentário