O importante é importar-se com o pouco que seja


Por Gilvaldo Quinzeiro






O texto abaixo, se bem que poderia ser musical, aliás, é meu desejo aliar a música as minhas atividades, incluindo palestras, porém, a inspiração para este texto chegou-me aos ouvidos através de uma palestra de Mário Sergio Cortella, cujo título, “se você não existisse, que falta faria”?.  Que palestra impactante e musicalmente reflexiva!

Se hoje eu estou aqui de pé, mantendo meus passos na estrada, e acreditando que tenho uma missão, qual seja, ser eu mesmo, a despeito das tempestades que teimam em me quebrar ao meio -, devo isso a uma atitude -  a da minha mãe, que viveu sua vida não para se tornar famosa, mas para ser simplesmente importante, quando as minhas condições existenciais dependiam mais dela do que de mim!
Isso não é pouco, meus caros:  é tudo! Pena do meu filho, se a mesma atitude, eu não estiver fazendo por ele!

Nos últimos dias, eu tenho me dedicado a ouvir crianças e adolescentes, e o que ouço deles tem me deixado estarrecido. Não é que falte a eles o ‘arroz e o feijão’. Pelo contrário, muitos estão até bem gordinhos, mas, a falta de um outro tipo de alimento estão a lhes matar de fome: atenção!

Sim, muitos jovens estão simplesmente ‘esburacados’ – não têm como se diz no dito popular, “nem lá dentro, e nem lá fora”! Faltam-lhes ‘o espelho e o corpo’, talvez por isso, a automutilação lhes sirvam de um ‘alivio’ – qualquer que seja!

Por trás do comportamento suicida está o ‘espelho espedaçado’ ou a falta de referências; a falta de sentido. Este é um problema que merece um estudo aprofundado, sistemático e potencializado por uma política pública.

Vivemos, pois, numa época em que todos nós buscamos a fama. Há programas de televisão líderes em audiência, que funcionam como vitrines – são os chamados reality shows.  Todos sonham em questão de segundos, saírem do anonimato. Todos almejam ganhar muito dinheiro com pouco esforço.

Vivemos numa época da ostentação. Até mesmo nas igrejas, todos nós somos chamados a dar testemunhos, a ostentar as bênçãos recebidas!

Por outro lado, não podemos esconder por mais que isso nos doa, o seguinte:  no afã dos pais ficaram ‘famosos’, esqueceram mesmo de se tornarem importantes para os filhos, não obstante, as belas fotos em família ostentadas pelas redes sociais ao mundo inteiro!

Como bem disse Mário Sergio Cortella: “o importante é aquilo que entra e fica no coração da gente”.

Falta-nos, pois, a ‘interioridade’. Tudo hoje se voltou para a exterioridade. Até mesmo o gozo sofreu deslocamento: o prazer não está no ato em si, mas, em ser visto, pasmem, por uma multidão, fazendo!

O que afinal é ser importante?

Tenham todos, um importante dia para se viver!


  




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla