Erosões sentimentais e relacionamentos afrouxados: que diabo é isso?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Os tempos são marcados por abismos e paradoxos em todas
áreas e relevos. No campo das relações amorosas, então, tudo é só erosão. Se
por um lado, os crimes passionais encharcam as páginas dos jornais de sangue,
dado o aumento do número de casos, que acontecem todos os dias – tudo em nome
do controle obsessivo; por outro, contrasta, a frouxidão, ou seja, ninguém quer
nada com ninguém.
Diante do exposto, o que dizer ou o que fazer? Eis a
questão!
Outro dia, uma amiga em estado de aflição me disse: “meu
filho está vivendo ‘junto’ há mais de um ano, com uma garota, uma espécie de ‘chove,
e não molha”. Como assim?- perguntei. “Eles
não se assumem, dizem que não têm nada a ver um com o outro”.
Sirvo-me aqui de um outro episódio, ainda que diferente do
primeiro, qual seja, um jovem bateu à minha porta (já era noite) me pedindo: “professor,
deixe eu entrar, pois, quero chorar”! Abri a porta. O jovem entrou, depois de
chorar tudo o que tinha para chorar, questionei: o que houve? Ele me respondeu:
“a minha namorada terminou comigo”. A outra, perguntei. “Não, a fulana de tal”.
Ocorre que esta ‘fulana de tal’ tinha terminando o namoro com este jovem já havia
um ano, e só agora ele veio chorar... E como chorou tardiamente!
O terceiro caso foi o seguinte: um jovem me pediu ajuda
alegando ter muito ciúmes da namorada. Eu indaguei, está com quanto tempo de
namoro? Ele me respondeu: “uma semana”!
Veja bem o que estes três casos, diferentes um do outro,
podem nos ensinar.
Primeiro, tudo se tornou tão relativo que ‘ chorar um balde
de lágrimas’, não significa ter motivos suficientes para tanto choro.
Segundo, ao mesmo tempo em que os relacionamentos são
frouxos, cada vez mais nos prendemos a eles.
Terceiros, os que fazem de tudo para evitar o sofrimento,
são os mesmos que costumam ‘colocar uma corda no pescoço’.
Por fim, não há como negar uma espécie de ‘erosão’ nos
sentimentos: nada é inteiro, tudo se tornou esburacado.
Comentários
Postar um comentário