A Feiura, não a de Sócrates, mas a da nossa ignorância
Por Gilvaldo Quinzeiro
O que sabemos hoje da nossa crise atual? O que sabemos hoje
sobre a tristeza profunda dos nossos jovens? O que sabemos hoje sobre os
motivos crescentes dos suicídios em nossa sociedade? O que somos hoje: homens
ou coisas? Ratos ou cobras?
Os questionamentos acima é o nosso ponto de partida para
uma caminhada, que, em que pese os obstáculos, ainda é possível: a reflexão.
Para isso vamos trazer à baila um acontecimento, que ocorreu há milhares de anos,
a morte de Sócrates, em 399 a.C.
Que homem iniciou a reflexão sobre a condição humana,
senão, ele, Sócrates, o filho de uma parteira.
Pois bem, a estranha morte de Sócrates no exato momento em
que este colocava o homem diante de si mesmo (conhece-te a ti mesmo) – é a vitória
das ‘coisas’ nas quais todo homem tropeça hoje – a ignorância. A existência
hoje da ‘barbárie’ em todos os níveis, religiosos, políticos, étnicos, etc, contrastam
com o nível de ‘civilidade’ com o qual poderia a humanidade desfrutar,
especialmente no que diz respeito aos avanços científicos.
O que se ver, entretanto, é o inimigo comemorar a sua
vitória ostentando a cabeça do seu oponente como troféu.
Em outras palavras,
a morte de Sócrates teve mais consequências para o restante da humanidade do
que para o próprio Sócrates. Veja a crueldade desta conclusão!
Sim, os tempos atuais são marcados por muita crueldade.
Somos herdeiros diretos dos assassinos de Sócrates. Somos ‘homens-bomba’ prestes
a explodir, seja no trânsito pela impaciência na espera do sinal; seja no
ambiente de trabalho em um dia de muito stress; seja em casa quando ‘alguma
coisa está fora do lugar’; seja dentro das igrejas diante da fé dos outros, que
tanto nos ofende.
Por fim, como a borboleta que não sabe que voa, nós também
não sabemos hoje que só nos rastejamos como ‘calangos’!
Que feio?
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