Um olhar sobre a violência, enquanto os outros já se fecharam?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A violência é um assunto amplo e complexo, logo, cada caso é
um caso a ser estudado à luz de diferentes olhares, inclusive dos de Medusa.
Olhar de Medusa, como assim? Ora, a violência sendo algo inerente a condição
humana é também da ordem daquilo que se mistifica ou se racionaliza. A
violência atual é de que ordem?
Pois bem, a propósito, ontem à tarde eu fui procurado por
uma equipe de reportagem de uma TV, que estava produzindo uma matéria a
respeito da violência nas escolas. De modo que, fui questionado a respeito do
assunto. Claro, que um assunto como este não se pode nem começar a falar em
apenas alguns segundos. Contudo, aqui neste texto vou reproduzir o que disse a
equipe de jornalista, bem como, aquilo que eu gostaria de lhes ter dito, e não
disse.
Se hoje estamos a falar da violência nas escolas, e é um
fato que a violência também chegou as escolas, é porque, entre outras coisas,
esta mesma violência já destruiu a família. Isto é, a família como o “engenho
humano”, não só fracassou na missão de evitar a violência no seu próprio seio,
como em certo sentido, foi por esta devorada. Claro que, este fato não é fenômeno
só dos nossos tempos, a Bíblia cita que,
Já na primeira família, um irmão matou o outro, a saber, Caim X Abel.
Ora, dizer que a família não só foi incapaz de evitar o
surgimento da violência no seu interior, como foi também por esta destruída, é
afirmar por conseguinte, que já não vivemos mais em civilização, mas sim na
barbárie. E na barbárie a violência está em tudo e em todos. Portanto, quando
nos falta “o nó civilizatório”, o nó que é atado pela família, a violência é o
que nos amarra!
Em outras palavras, ser gente, ser pessoa, ser homem, não é
causa, mas uma consequência, isto é, depende das condições ambientais; sociais,
econômicas, históricas e antropológicas, e sem estas condições, não passamos de
“bichos”. Diga-se de passagem, os mais perigosos entre todos os bichos!
Sigmund Freud, aquele mesmo que para muitos, nunca existiu,
já nos chamava atenção disso, na sua obra intitulado, o Mal-Estar na
Civilização. Como negar que estamos vivendo este mal-estar nos dias de hoje?
Voltando a falar da família como “engenho humano”, hoje,
mais do que mãe, nos falta o “pai” – isto é aquele que necessariamente não seja
biológico, mas que exerça o papel daquele que diz não; que educa; que disciplina
e civiliza. Mas quanto ao “olhar de Medusa”? Ora, não será aquele para o qual os olhos dos
nossos filhos estão voltados, e por isso mesmo, estes não têm mais olhos para
os pais? E quanto aos pais, estes têm olhos pra quem, senão para a mesma “Medusa”
que petrifica a sociedade?
Portanto, não é escola sozinha, e achincalhada como está,
que terá condições de solucionar um problema que compete a toda a
sociedade.
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