O gozo de ver o outro em carne viva: flores para o nosso sadismo!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Estamos em “carne viva”. Já não podemos falar em
alma, senão naquela que nos assombra. E aquela que nos assombra – é a alma que
já perdemos!
Ora, a
condição de “carne viva” nos arrasta a procura do próprio corpo. É aqui, no
entanto, que o Corpo do Outro é sentido como sendo os nossos estilhaços. Como,
enfim, não ter desejos perfurantes? Como se dá conta do “consigo mesmo”, senão na
dor? Na dor que se planta no Outro, pois,
em nós nada há mais para nascer!...
A violência
com que corpos tantos estão sendo
esquartejados, alguns por mãos que antes os acariciavam, é simplesmente
assustador! E o pior, se é que pode existir algo pior do que o esquartejamento
de um corpo - é “a fome de compartilhamento”
de tais imagens.
Quem já não se sente obeso em ver tantas imagens?
A raiz antropológica desta violência que nos esfola
é antiga. Nasceu junto com a mesma árvore da qual, os humanos constituem seus
galhos. Porém, “a carne viva” da violência de hoje nunca encontrou tão fértil
solo. O solo da escopofilia!
Escopofilia? Que diabo é isso? – O solo no qual
todos os olhos são férteis e famintos! Em outras palavras, gozo de ver, não as genitálias do outro
apenas, mas o seu corpo todo esfolado.
O velho Freud
nos foi tão eloquente ao tentar nos abrir os olhos para esta questão.
Porém, quem hoje têm olhos para Freud, despeito
de tantos olhos trepados em outrem?
Portanto, que nos ceguem os olhos ou que nos cortem
a carne? A resposta a esta questão, no
entanto, implicará necessariamente em se colocar
os dedos nas “feridas do mundo
civilizado”. Mas as feridas do mundo “civilizado”
é consequência das suas sífilis!
O quê?
Ufa!
Gozei!
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