Pontos sem nó. Tudo enfim é frouxidão e merda!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Não mais controlamos os esfíncteres. Tudo de repente se
rasgou em nós. Uma simples “buzinada” no
trânsito pode ser o motivo para a exposição de todas às vísceras. Tudo ficou assim, de repente,
“nem lá dentro, nem lá fora”, tal como
diria um velho ditado popular. O lugar
da cama são os olhos do mundo. O mundo todo, um “vaso sanitário”!
Porém, é no meio desta
frouxidão que os laços afetivos dão o nó
em ponta de faca, isto é, nunca no amor
ficaram evidentes as suas próprias correntes, como agora neste
tempo onde os tecidos estão “puídos”! Quantos crimes em nome do amor? Quanto amor
por nada!
Tudo virou um “reality
show” . Das meninas que expelem seus
hormônios em brigas que não valem apenas perder um fio de cabelo sequer, mas
que ganham a dimensão cinematográfica; a casais que vão fazer queixas do mau
hálito do outro numa emissora de televisão. Afinal o que os nossos olhos querem
ver? Por quem estão grávidos os nossos ouvidos?
Foi-se o tempo de ensinar o controle sobre os esfíncteres.
Hoje, dizer “não” ao um filho é desabar
o mundo inteiro sobre o mesmo. Talvez por isso, muitos pais com a finalidade de
se protegerem dos próprios filhos, os
acorrentam. Cenas apocalípticas de uma frouxa educação? Quem poderá ser livre
sem que a outrem desejem as suas algemas?
O real, o simbólico e o imaginário. Eis a trilogia lacaniana
que eu chamaria aqui, das “três trempes civilizatórias”, hoje, mais do que
nunca necessária à compreensão da engenharia do sujeito. O que é o sujeito sem
as suas alavancas? O que são as alavancas sem mão alguma para alavancar?
Freud, com seus olhos
de Pai, frustrador e castrador, há muito tempo já abriam os nossos no que diz respeito, a
importância do “controle dos esfíncteres”. Dá até para vislumbrar aqui um Freud, se agigantando num
seu tempo como Moisés a guiar o seu povo
pelos desertos. Passado então, o tempo
de Moisés e de Freud, hoje tudo enfim é “merda”!
Eis em suma, o que todos somos ou
temos sidos. Aliás, diga-se de passagem, uma grande coisa!
Ora, quem quer que
ouse mexer nas coisas que empurramos para debaixo do tapete, pagará um alto
preço. Por exemplo, mexer numa Cracolanndia
com seus “urubus em volta”; mexer num Congresso Nacional viciado e corrupto; mexer numa educação que a rigor, não cumpre
seu papel; mexer numa saúde já podre em seus corredores – é fender suas
feridas!
O quê?
- Nada. Foi só um mal-estar!... Freud tinha enfim sua razão!
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