Da morte ou de si mesmo, quem escapará?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Assim como da morte; ninguém escapará de si mesmo, não
obstante, ser a fuga o ‘abrigo’ mais
visitado por todos. Contudo, o preço a pagar por viver em fuga permanente de
si, é o de receber inoportunas ‘visitas’ - todas sorrateiras e de dentro de nós mesmos, assim
como também a da morte.
Nos últimos tempos, eu tenho me dedicado a estudar ‘o
esfacelamento do sujeito’. Para usar um termo mais próximo do que pretendo
aludir aqui, o “espantalhamento”. Em outras palavras, se o sujeito foge de si
mesmo, ainda assim, sua existência passará a ocorrer na condição de espantalho
ou de algo fantasmagórico – as tais ‘visitas’ inoportuna que me referir acima.
Pois bem, umas das coisas que precisamos fazer urgentemente
é redefinir o homem. Dizer apenas que o homem é ‘racional’ consiste em “tapar o
sol com a peneira”. Ou seja, é não fazer nada!
Uma amiga me contou que numa certa palestra, na qual se
fazia presente, o palestrante, diga-se de passagem, muito conceituado, mirou a
plateia e disse: “não tenho dúvida de que, o próximo a ‘surtar’ poderá ser de
um de nós aqui.”
Psiu! silêncio!
Não se assuste amigo, a loucura é uma daquelas ‘visitas’ importunas!
A depressão, infelizmente, é também uma daquelas indesejáveis companhias que vão
e voltam, quando bem querem!
Sócrates, não só tinha razão, quando fez do “conheça-te a
ti mesmo”, a sua estrada, como também o fez dialogando com seus fantasmas.
Numa realidade marcada pela ditadura do espelho ou para
usar um termo mais atual, da ostentação, o sujeito literalmente se ‘esborracha’.
É aqui que vamos nos dar conta de que “nada está em seu devido lugar”.
Que loucura, não?
Pois é.... Estamos perigosamente abundando a nossa bunda no
lugar da cabeça!
A boa notícia é: com o avanço da medicina, em particular,
das clinicas de estéticas, podemos ter a ‘cara’ que, em outros tempos, jamais
poderia ser a nossa!
O diabo é a velhice! – com que cara enfrentaremos aquela
que genuinamente nunca foi a nossa?
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