Meu velho humor sobre a nova velhice
Por Gilvaldo Quinzeiro
Inspirado em Eduardo Dusek, mais especificamente em referência
e reverência ao seu humor sarcástico, vou tentar escrever este texto para falar
de algo sério: a certeza de que a juventude é um simples passo escorregadio a
caminho da nossa duvidosa velhice.
A velhice pode chegar nas frias madrugadas, enquanto
acordamos sozinhos, após uma noitada de muitas batatas fritas, ou seja, de
muito mastigado por nada!
Ontem, uma amiga me queixou das suas insônias, dizendo-me
que “ao acordar nas madrugadas não mais consegue dormir, pensando na solidão da
velhice”. “O que devo fazer”? – Perguntou-me.
Este texto, portanto, eu dedico a esta amiga e a todas as
outras, que possam estar sem dormir, temendo amanhecerem mais velhas.
Amiga, convide seu medo para tomar café com você,
aproveitando-se do seu amanhecer antecipado. Mostre a ele o seu humor, e não
sua cara feia!
Sim, o humor, e não o amor, sobretudo, os perdidos, é quem
deve nos alimentar por toda a vida.
Que paradoxo, amiga! Quando éramos jovens, tínhamos menos
do que temos agora, e ainda assim, acreditávamos ser os donos do mundo.
Vou lhe confessar um segredo, amiga: é na velhice que podemos
retornar a todas as fases das nossas vidas, incluindo aquelas cenas nas quais
devido ao nosso medo, não fomos seus protagonistas. E com um detalhe, extraindo
dela a mesma vitalidade que já era nossa, e não soubemos usá-la.
Em outras palavras, o não vivido, vive em nós para sempre,
não como o não vivido, mas como o que vive em nós a espera de ser vivido.
O medo de envelhecer é aquele mesmo chato ‘companheiro’,
que nos fez recuar, quando a vida se apresentava para nós de pernas abertas.
Frite este medo na sua primeira oportunidade, e mastigue-o tal como fizera com
aquelas batatas.
Para sorrir, amiga, não precisa necessariamente de um
espelho. O sorriso é algo que se faz com a alma. Quanto mais leve a alma, mais
vasto e duradouro é o nosso sorriso! Lembre-se de que para os jovens de hoje, o
espelho é uma ditadura – muitos não estão conseguindo nem respirar, agora
imagine viver!
Melhor para nós que aprendemos com o tempo, a nos libertar!
Viva a sua vida sem temor. O espelho é a gente que faz – os nossos medos e
fantasmas também.
Bom café da manhã!
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