A merda da nossa intolerância: os limites do processo civilizatório!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Este texto é uma crítica ao quadro atual civilizatório,
tomando como base a nossa realidade brasileira, em especial no que diz respeito
ao recrudescimento da intolerância que nos atinge e nos abate.
A dor que não a de parir e nem a que enverga a palavra ao nível
das alpercatas, não é outra dor, senão a que faz o homem desmerecer a cabeça:
esta é a nossa dor do momento – o sentir-se oco por dentro e por fora!
Em outras palavras, o desassossego pela perda de referência.
O dito acima é para chamar atenção para a seguinte questão:
o afrouxamento dos nós civilizatórios. Isto é, chegamos ao ‘limite’ da ponte. O
outro lado pode ser o abismo!
Há fatos praticados em nome da ‘sã consciência’ que apenas
expõem o quanto já não mais exercermos o controle sob os esfíncteres – tal é a
gravidade da situação!
Quando, por exemplo, um médico se recusa atender a um
paciente sob a justificativa ideológica, tal como um fato ocorrido recentemente
no Rio Grande do Sul, é um sinal claro de que já estamos ‘em carne viva’, e
nada mais nos falta para o aprofundamento da barbárie!
Na barbárie toda ferida é ‘cicatrizada’ pela abertura de
outra maior. O dito aqui nos remete a intolerância vivida em nossos dias.
Veja bem, a intolerância que nos arma neste momento, é a ‘merda’
que nos faltava para brigarmos por coisa ínfima, inclusive pelo simples ato de
se acocorar!
A psicanálise sabe da estreita relação entre fezes,
dinheiro e poder – uma espécie de ‘trindade’ do processo civilizatório! Ora, se
esta premissa for verdadeira, então a civilização ou aquilo que nos ‘amarra a ela,
está puído, e não mais nos ata a nada!
Para um Freudiano convicto como eu, não há outra explicação
para o momento, senão esta: a civilização que tanto se orgulhava do voo do
progresso, agora regredi a fase anal.
O duro desta fase é o exercício pelo controle; o controle
que nos obriga a nos apegar a tudo, inclusive aquilo que sentamos em cima! A
boa notícia é a seguinte: no final não há do que nos orgulhar!
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