A ‘rasgadura’ existencial: que obra é esta?
Por Gilvaldo Quinzeiro
O homem é o papel e a tinta. Às vezes é também a folha em
branco. Porém a sua condição mais
intrigante é a de a ‘rasgadura’ da obra!
O grande Leonardo da Vinci, depois de passar 4 anos na
pintura de “Mona Lisa”, nunca a entregou a quem lhe encomendara por acha-la completamente
imperfeita – que ‘rasgadura’ se deu aqui? Onde está o que se admirar nesta enigmática
obra?
O grande Freud fez um gigantesco esforço interpretativo
para desvendar não só o sorriso leonardiano para além do sorriso de “Mona Lisa”,
mas a própria alma do gênio renascentista – para isso se utilizou entre outras
coisas, do sonho infantil de Leonardo da Vinci com um abutre – mais outra ‘rasgadura’,
desta feita, na coisa Outra, a freudiana!
Vivemos hoje, no Brasil e no mundo uma ‘rasgadura’ que não
é só estética ou filosófica, mas existencial.
Dizer da ‘rasgadura existencial’, não é se lembrar de que
poderemos morrer de fome! Claro que isso poderá nos acontecer. Especialmente se
levarmos em conta os relatórios internacionais que, inclusive nos advertem para,
diante da escassez de alimentos, termos que nos alimentar de insetos!
Hoje vivemos pouco, porque do pouco não mais vivemos, e do
muito que somos em nada nos reconhecemos. Que rosto seria hoje o de “Mona Lisa”?
Mas, enfim, que rasgadura é esta?
Ora, o rasgo existencial dos nossos dias erguidos sob a
égide do imagético não poderia ser outro, senão a real possibilidade da
loucura! Sim, este é o medo que nos alimenta. Sim, este é o rasgo que nos
contempla!
A loucura é a tinta derramada – a rasgadura na obra que pensávamos
ser, e nunca fomos. Em outras palavras, o sorriso invertido de uma ‘mona lisa’
sem o dedo do seu grande pintor!
Ao ouvir atentamente os ‘sinceros’ discursos em defesa do
Brasil, tanto de um lado que nos afunda, tanto do outro tão raso em suas
mentiras, mais me convenço apenas de uma coisa:
somos todos abutres! Uma pena não estarmos sonhando!
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