As avalanches de imagens e o esmagamento do corpo, o anuncio de que estamos todos grávidos!

Gilvaldo Quinzeiro




A imagem antecede ao corpo no que o corpo há de ser com a imagem de si. Logo, com as “avalanches de imagens”, estas uma marca indelével dos tempos atuais, há muito mais corpos esmagados, a corpos inteiros com a imagem de si.


A discussão em torno de gênero e identidade, não estará devidamente aprofundada sem que a relação imagem X corpo, seja estudada. Mas o que a imagem ou o que é o corpo?  È o que vamos nos arriscar a responder ao longo deste trabalho.


Pois bem, a imagem é uma espécie de nó especular, como resultado do que a cultura produziu especularmente sobre si mesma. Isto é, a face da face que se deseja como face. O “desejo” aqui é a ponte de ligação com o corpo na perspectiva de que este venha se “facificar”, ou seja, se constituir numa imagem de si, a face da face que se deseja como face. O corpo por sua vez, é uma herança filogenética, o resultado portanto, de milhões de anos de evolução. De sorte que enquanto a imagem é o presente, o corpo é o passado.

A imagem, está para o corpo, assim como as estrelas estão para o céu, ou seja, ambos só ganharão sentidos, na dimensão de um Outro. E este Outro numa grande escala é a própria civilização. Sem este Outro porém, as estrelas e os céus continuarão a existir, claro, todavia lhes faltará um compasso, um lápis ou uma régua para a sua ressignificação. Assim também a imagem e o corpo, só ganharão sentindo; sentido este compreendido como resultado de uma unidade, na dimensão cultural.


Portanto, se auto-afirmar gay, homem ou mulher no atual contexto, é correr o risco de que as outras partes de si, não o seja. Isso significa, no entanto, que as “avalanches de imagens”, não só esmaga o corpo, como causa o “desujeito”. Ora, isso nada mais é do que a “gravidez de um novo mundo” cujo parto é antecedido pelas dores e contrações que sentimos. Enquanto que as imagens é o rebento e a deformação do corpo, a gravidez.

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