Quando a fala é substituta do silêncio

Gilvaldo Quinzeiro




A palavra quando em demasia, isto é, quando dada no lugar do silêncio, tem como arremessado o próprio sujeito da fala, posto que não é o que a ouve que esta é endereçada. Mas, o sujeito em cujas vísceras não o contem. De sorte que este é pela fala espatifado.


E, quanto ao que ouve no lugar do outro (a quem deveria se dirigir a palavra do sujeito) se não possuidor de uma “escuta” para além da fala – é o coveiro cuja missão consiste em apenas “enterrar o silencio”. O silêncio em cuja fala, não falava o sujeito!



Nestas condições, no entanto, podemos falar num duplo sepultamento, a saber, o do sujeito que morreu “engasgado com a fala” de quem de si esta deveria vir, e o outro cuja fala deveria se constituir no para si.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla