A sociedade, o sangue e o cordeiro: ingredientes para que prato?

Gilvaldo Quinzeiro


As sociedades, sobretudo e paradoxalmente as que sobrepuseram as condições, as quais se não sobrepostas, em nada teriam contribuído para a “civilização” atual, a saber, a grega, a hebraica e a romana – fizeram do sangue, o que sem este derramado, não teria sido “estancado” a fonte da “barbárie” – a que somos todos ligados filogeneticamente. Em suma, o sangue pelo sangue. A violência de hoje não é em si, uma fartura de sangue?Quem de algum modo não se sente “saciado”?

Em outras palavras, ai de nós sem os “cordeiros”! Ao menos nos dias de hoje, estes, os chamamos de “bodes expiatórios”. Aliás este termo se encaixa bem numa sociedade que tudo espia, mas, nada ver o que de si estar exposto. Que sociedade conseguiria viver sem o seu? Quem são os “cordeiros” ou mais apropriadamente, os “bodes expiatórios” da sociedade de hoje?

Para responder esta pergunta, basta ver as manchetes dos jornais ou consultar as estatísticas. Ou seja, prostitutas, gays, negros e pobres, sobretudo, jovens. Estes são os “miúdos”, e não são dos miúdos, conforme o dito popular que se faz uma boa feijoada?

Pois bem, a sociedade atual está com fome de alguma coisa. Uma fome difusa, eu diria. Ou seja, uma fome de todas as comidas. E como tal, somos todos predadores e caças. De sorte que o que “correr ou o que parar” diante dos nossos olhos (o estômago da atual sociedade) é comida!

As condições descritas acima, não é outra coisa, senão aquelas que nos remetem à barbárie. E como esta clama por sangue, este será de quem? Que pai oferecerá seu filho como sacrifício? Ora, antes disso não é preciso a família? Que família? Não é fim desta a razão de tanto sangue? Ou haverá uma outra cujo pai é o próprio sacrifício?

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