O ‘bicho’ e a antropofagia: quem come quem em nossa cultura?
Por Gilvaldo Quinzeiro
O losango do traço indígena é a marca indelével da presença
de um tempo outro. É a massa com qual se engenha construções com outros ‘eixos’.
Saber quais os traços presentes na cultural atual, é saber
também por onde escoamos as nossas dores, assim como, as nossas alegrias. É
saber por exemplo, do que nos alimentamos ou o que regurgitamos.
Ora, o dito acima implica em saber da nossa ‘antropofagia’ e de
outras coisas que tais.
Enfim, que ‘bicho’
somos ou em que ‘bichos’ estamos prestes a ser?
Em outras palavras, saber dos elementos que constituem e
alimentam a nossa cultura, significa no mínimo, olhar para a própria face no
espelho.
Pois bem, do mesmo modo que devemos com interesse saber por exemplo, no que os
índios estão se transformando, quando do contato destes com os ‘brancos’, é
urgente querer saber mais ainda, em quem nos transformamos. Aliás, se as notícias
a respeito de que estão fazendo e comercializando empadinha de carne humana,
não nos dizer nada, então é porque o ‘bicho’ que somos já não tem com que
pensar.
Por falar em empadinha de carne humana, não há como negar
que um dos traços da nossa ‘cultura’ tem sido a violência. Diga-se a violência bruta por nada! E a fome
pelo que me parece é de outra coisa!
Como tenho dito, o bicho que corre atrás de mim sou eu.
O ‘bicho’ das nossas intermináveis noites, do que é feito,
meu senhor? Quem o alimenta? Quem por
ele é alimentado? Como acordar no dia seguinte sem ter sido por ele devorado?
Como explicar a solidão dos jovens, quando em ‘massa’ os sorrisos
são instantaneamente compartilhados?
O que ensinar aos meus netos, se na minha velhice, o
brinquedo é quem virá sem cerimônia me tirar do sofá?
É aqui que o ‘bicho’ pega!
Comentários
Postar um comentário