O viés e o vintém: um diálogo sobre o sujeito das Coisas
Por Gilvaldo Quinzeiro
Faltando poucos dias para o Natal, e nada de nos sentirmos em festa! Nem
a propaganda, a alma para tanta coisa, é suficiente para nos alentar. Estamos
enfim, de ‘sacos cheios’, mas dos nossos!
A crise econômica se
soma a crise política e ética. E seus efeitos potencializam a crença no ‘vaco
existencial’ – buraco de onde emergem os espantalhos salvadores!
No final das contas, ter fé, mas sem nenhum vintém, é uma
provação das mais caras, sobretudo, considerando o velho ‘diabo’ do consumismo,
que, no apagar de todas as velas, se constitui numa espécie de neoreligão.
O consumismo é, portanto, um viés da nossa falsa sensação
de bem-estar. Tanto é assim que no afã de se apegar as coisas, o sujeito, em
certo sentido, paga o preço de ter que se desapegar primeiro das próprias mãos.
Afinal do que nos servem as mãos em tempo em que os olhos
também substituem a boca? A boca que engoli a realidade como se fora comida!
O diálogo sobre as coisas, sobretudo entre aquelas que
esmagam o sujeito, é silenciosamente gritante. Poucos se dão conta de que
vivemos numa realidade para lá de complexa!
Ora, meu caro sujeito que ‘diabos’ tens? Afinal do pensas que pensa ou nunca paraste para
pensar nisto: Você é o jeans ou jeans é você?
Sim, o sujeito do diálogo se tornou opaco. Tudo é um
espelho devorador! Tal é a complexidade das coisas!
A propósito, ontem, uma colega me falava da ‘seleção
natural das espécies pelo Meio’, aludindo a quem poderá sobreviver a todo este
processo a que estamos submetidos. Disse eu a ela: “tal é o avançar das
transformações e da complexidade das coisas que, é bem provável que o “Meio” do
qual você fala, não se encontra mais ali para onde o seu dedo aponta”! Aliás,
nada do que falamos permanece como as coisas que aludimos que são!
Amém?
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