Os ‘sapos’ e os ‘narcisos’. Como explicar as nossas queixas?


Por Gilvaldo Quinzeiro


Este texto é um esforço para falar de alguns dos nossos maiores problemas e os sintomas deles decorrentes. Entre estes problemas, aquele que não é de hoje, e que remonta ao mais antigo passado; narrados em contos e lendas: o que trata do narcisismo.  Em outras palavras, da nossa busca pela beleza e juventude eterna - dois ‘pães’ para os quais a nossa fome não se sacia!

Sigmund Freud se viu ‘acuado’ diante da complexidade dessa questão. Seus escritos sobre esta temática, a despeito de todo o seu esforço e dedicação, são espelhos trincados. Contudo, é um adentrar a uma das portas do labirinto humano.

No nosso esforço, entretanto, vamos flutuar sobre o bote das metáforas. O que concluiremos de antemão, não passar de ilações.

O espelho não é por escolha, morada de sapo, o mesmo não se pode afirmar em relação aos ‘narcisos’. O que ambos possuem em comum?  O punhal do tempo!

Para o punhal do tempo, as faces são passageiras. Só os sapos não podem se queixar das suas não serem duradouras. Eis o ponto X no qual os ‘narcisos’, no final da sua luta contra o ‘espelho’,  comungarem  o desejo inconsciente de ser sapo! Talvez por isso vivem afogados em si mesmos.

Em nosso tempo onde a ostentação é para as pessoas, assim como o osso é para o cão, a figura do ‘sapo’ nos atravessa goela a baixo: todos recorremos ao espelho, e conforme as condições vistas, ao ‘punhal’.

Muito do nosso adoecimento tem sua origem silenciosa no esforço de controlar o tempo, o que significa em certo sentido, uma guerra declarada também ao ‘espelho’. Que dor pode ser mais dilaceradora do que aquela em que somos obrigados a refutar a própria face?

Pelo nosso estado depressivo, pelo teor das nossas queixas, vamos constatar que nos rebaixamos a condição de ‘sapo’. Ou seja, na luta contra o espelho, venceu, enfim, o punhal do tempo.

Na verdade, os sintomas do nosso tempo são por demais complexos. Há que se desenvolver uma escuta apurada para se chegar aos seus nomes. Tal feito não se desenvolve de uma hora para outra. Todavia, não é mais para amanhã, o aprendizado sobre as nossas dores.

Nos engenhos onde ‘sapos e ‘narcisos’ se aproximam, também a serenidade e o sereno devem fazer parte das nossas ‘noites’.

Bom dia a todos!







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