"Itapalavras"
Por Gilvaldo Quinzeiro
Eu vi, ouvi e colhi histórias vivas sobre Rio Itapecuru
numa “Monção Poética”; era uma manhã de julho, numa quarta-feira...
Vi o rio
serpenteando, quase morrendo sobre as pedras. Pedras quase de rio e rio quase
de pedras.
Vi menino se atirando do alto dos galhos das árvores como
se fora um martim-pescador.
Vi cipó balançador feito de ‘perna de arame’, roubado,
talvez, de muitas cercas que serpenteiam às margens do rio, como se do rio
fossem.
Vi muitos socós, lavandeirinhas, inhumas, garças, bem-te-vis
e martim-pescador
Vi velhos lançarem
as varas com seus anzóis.
Vi meninas e meninos
tibungando nas águas. Águas finas, mas grossas, as vezes, de tanto sujo.
Vi e ouvir histórias
também assombrosas: o uso da carne de
camelão – existem tantos por lá – para atrair piranhas.
Vi tragas sugarem das suas profundezas, aquilo pelo qual lhe
faz hoje tão raso e tão seco.
Vi canoas ancoradas a espera de novas enchentes; vi outras tantas
mortas só o esqueleto, igualzinha à espinha de peixes!
Vi urubus velando o rio à espera de alguma carniça! E sei
lá o que mais eles estavam fazendo lá...
Mas eu também vi e colhi mistérios: pedras se parecerem com
enormes sapos de cujos lábios pareciam pedir ajuda.
Vi flores lindas brotarem em plenas corredeiras. Ouvir dos
ribeirinhos que suas raízes são medicinais.
Vi e vivi coisas que banharam a Minh ‘alma!
Ita, Itapecuru!
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