O sintomático choro pelo 'leite derramado'.
Por Gilvaldo Quinzeiro
Entre a pressa para tomar o café quente, e uma demora para
escrever o que sai frio da boca. O texto a seguir é um diálogo sobre os
sintomas dos nossos dias. Uma espécie de
banho de cuia; um ir cedo lá na
cacimba!...
O fazer é o leite. O pensar é ovo. A ‘caverna existencial’
é o prato – é aqui onde todos nós permanecemos sentados sobre a farofa!
O sintoma, que nada mais é do que uma ‘metáfora’, é um frágil
amarradio do sujeito diante da sua ‘porosa’ existência; um nó em desatamento –
mas que é um amarradio, contudo.
O sintoma é uma espécie de ‘amarrar o cachorro com a linguiça’,
isto é, trata-se, pois, de um modo improvável de se conter. No final, a ‘solução
sintomática’ será resolvida da seguinte forma: a linguiça, enfim, vai comer o
cachorro! O paradoxo, no entanto, não reside apenas nisso, outra coisa vai
acontecer, qual seja, o cachorro, viverá a vida toda se queixando de obesidade!
O dito acima é uma introdução aos sintomas da
contemporaneidade. Em outras palavras, vamos ‘metaforizar’ os males dos nossos
dias, entre estes, o nosso imenso vazio! Freudianamente falando, o tal do “mal-estar
na civilização”.
Para começar eu vou fazer referência ao uma costumeira
conversa feita nos bancos de praça, eu e o filósofo J. Cardoso. Dizia eu a ele:
eu vejo que o nosso ‘cavalo interior’ não se deixa mais enrolar com o biscoito
que o oferecemos, o que vem a seguir (referindo aos acontecimentos em curso), é
o cavalo em disparada!
Pois bem, o sintoma da sociedade contemporânea, por
exemplo, pode ser grafado da seguinte forma: a nossa ‘ criança interior’ cujo
desejo por seio, foi substituído por um pirulito, e por todo um universo de bugiganga
que caracteriza o nosso atual estilo de vida, descobriu que foi momentaneamente
enganada, e agora, esperneia mais do que antes, e, como não encontra o seio
ali, passa a devorar o adulto que é.
Sim, se repararmos bem, não há mais ‘adultos’, no sentido
da maturidade, compreensão e sensatez. Tudo é uma ‘criancice’ - o penico passou
a ser usado na cabeça. A falta de
liderança no atual contexto político e social, por exemplo, é aprova disso.
O vazio é nosso leite derramado. O resultado do tempo em
que fomos acostumados a nos conformar com o sabor adocicado do pirulito. O
resultado disso não poderia ser outro: o esburacamento do sujeito!
Por fim, o nosso modo de vida é ilusório e enganoso. Por
isso há muitos ‘cavalos’ rezando por um ‘deus capim’.
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