O buraco da fechadura não impede o rasgo existencial


Por Gilvaldo Quinzeiro





A vida toda vivida por um buraco da fechadura, não nos arranca ‘tampo’ algum, porém, uma coisa também é certa: não comemos ninguém! Ademais, isso não nos protege de que a saliva na boca de quem estar à nossa espreita, lhe sirva por mais tempo do mais paciente dos alimentos!

Acorde cedo para vida, antes que tarde para o desperdício!

A cobra que vive sonhando em criar asas desde os tempos do paraíso, aprendeu com o bucho no chão, que, mesmo quando parada (não se engane!), está armando o bote para os incautos passarinhos!

Este é o risco do pássaro andarilho, isto é, encontrar a cobra parada no meio da trilha -, mas do que lhe valeria as asas ficando preso ao ninho?

O dito aqui, no entanto, não significa dizer que no afã de viver, de nos arriscar; não venhamos nos constituir em mero “Dom Quixote de La Mancha”, porém, a vida não nos foi dada para nos servir de prisioneiros dos contos de fadas dos outros!

 Por outras palavras, precisamos assumir a condição de cavalheiros da nossa estrada!

Cervantes estava certo: a vida vale um deboche ante a seriedade das suas armaduras!  Antes isso do que viver apeado ou aperreado por pura decisão de nada arriscar.

O rio que deixamos impregnado das nossas lágrimas no buraco da fechadura, vale menos do que as lições dos arranhões na pele por termos penosamente tentado.

Não se engane, porém, a tentação de desistir, é muito grande! Às vezes temos que nos servir do ‘cavalo’ que somos!

Tenham todos, um bom domingo!







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