O Cisne Negro: uma reflexão sem penas!

Gilvaldo Quinzeiro



O Cisne, se “branco” ou se “negro” na dança diária que nos faz perder as penas, sobretudo, quando se parte do pressuposto de que a existência de um, equivale a morte do outro, nos remete uma profunda reflexão para além do palco no qual, só sobrevive a fantasia.

Pois, bem, todos nós somos uma espécie de cisne “branco e negro”, a questão é saber, se o antagonismo entre ambos, é o que nos une na constituição do que somos ou se nos divide em “seres” cuja natureza é rasgada da outra.

No filme Cisne Negro, de Direção de Darren Aronofsky,a personagem Nina, interpretada por Natalie Portman rasga literalmente a pele para encarnar o cisne branco e o cisne negro –o sonho de toda a bailarina! Tal feito, só é conseguido (ao nosso ver), abdicando de ser a si mesma. Ora, esta é uma marca dos nos nossos tempos, a saber, o esfacelamento do sujeito na eterna busca de completude. Mas, aos olhos de quem estaremos completos? Eis, a luta pela qual os nossos olhos são arrancados!

Uma outra reflexão : o corpo, e não o “palco” é da ordem do que dá a carne ao personagem. Este sim, são os pés de nossos cisnes! Quanto, a cabeça, esta é que mais padece, quando , ao invés de cisnes, nos deparamos com a nossa condição de “patos”!

Quiçá, não estejamos num mundo, onde a abundância de “cisnes”, coloca em falta os corpos, sem os quais, tomamos emprestado os dos outros!

Portanto, ser cisne, “o branco e o negro” na natureza que abriga e alimenta a todos é conseguir “dançar” sobre e para além do palco que nos despenca!

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